Escoamento da produção
O processo de escoamento da produção nacional continua a ser o principal “calcanhar de Aquiles” dos produtores, por força das más condições das vias secundárias, terciárias e das pequenas picadas, bem como da escassez de transportes. Segundo Albano Lussati, a localização dos pontos apropriados para a comercialização e conservação de produtos de campo impedem que a produção em escala chegue aos mercados e outros pontos do país.
Albano Lussati explicou que os camponeses vendem a produção por meios próprios, incluindo o uso de carroças e triciclos motorizados, transportes que estão a ajudar e impulsionar a actividade agrícola entre os camponeses.
“Estes meios são ainda insuficientes para atender às necessidades na área de produção, com os produtos a acabarem por se estragar”, admitiu Albano Lussati.
Neste campo, Albano Lussati garantiu que os ministérios do Comércio, da Agricultura e dos Transportes procuram elaborar instrumentos eficazes para viabilizar a evacuação dos produtos do campo para as cidades, através da implementação de centros logísticos, de financiamento ou de incentivo a projectos de fomento agrícola.
“O nosso lema é a diversificação da economia nacional, mas, para que haja uma boa execução dos projectos, é necessário que o Governo aposte primeiro na reparação das vias de comunicação e trace estratégias fiáveis, capazes de facilitar o escoamento dos produtores e sua comercialização”, defendeu Albano Lussati. Admitiu ainda que “o Executivo tem programas agrícolas que até hoje não tiveram sucesso, incluindo alguns entregues a terceiros não ligados ao campo”.
Um dos exemplos, explicou o presidente da UNACA, foi a implementação do Programa de Aquisição de Produtos Agro-pecuários (Papagro) e o Projecto de Desenvolvimento de Agricultura Familiar e Comercialização (MOSAP I, II e III). Um ficou orçado em 49 milhões de dólares e outro de 350 milhões, para benefício de 126 mil famílias agrícolas das províncias de Malanje, Huambo e Bié, com uma área média de cultivo sem irrigação de entre um a dois hectares por beneficiário e a tendência de expansão para 2,5 hectares. “Infelizmente, não foram concluídos, devido a alguns constrangimentos”, sublinhou.
Os programas agrícolas do Governo têm projecções de produção, mas que, para que se concretizem na totalidade, devem ser geridos por tempo certo e por entidades certas ligadas ao sector e com experiência de campo, defendeu o presidente da UNACA.
“Os programas não dão certo, porque são geridos e financiados por cidadãos errados, não ligados ao campo e, se continuarmos a cometer os mesmos erros, o fenómeno escoamento e comercialização da produção há-de continuar”, alertou Albano Lussati, insatisfeito com a má gestão dos projectos agrícolas.