Brigadas de mecanização
Outro problema no sector é a má gestão de “inputs” agrícolas. O presidente da UNACA notou que para melhor geri-los, o Executivo constituiu brigadas de mecanização na campanha agrícola 2018-2019. Albano Lussati discorda desse passo, por desconhecer o principal regulador das brigadas. Isto porque entende que o Governo atribui sempre a responsabilidade à classe empresarial, quando a responsabilidade do material devia ser das cooperativas e da classe camponesa, independentes, os principais produtores do sector.
Albano Lussati defende que não se pode misturar a agricultura familiar com a empresarial. O representante dos camponeses acrescentou que o Governo deve transferir os materiais de cultivo para as entidades certas, acompanhando e fiscalizando os serviços das brigadas, para que o processo não resulte em fiasco, sobretudo naquilo que é projectado para a lavoura.
Como exemplo, apontou Albano Lussati, o Executivo forneceu na campanha agrícola 2019-2020 um total de 900 tractores para apoiar a agricultura familiar e empresarial: “Infelizmente, para a sua gestão, estão a ser entregues aos agentes económicos que não estão sob controlo de todos os camponeses, os principais beneficiadores dos projectos agrícolas”, disse.
Albano Lussati defende ainda ser importante mais aposta nas cooperativas, as principais produtoras e promotoras de empregos aos camponeses e seus agregados. Recordou que, quando foi criado o movimento associativo, cada cooperativa tinha direito a um tractor e crédito.
“Hoje, o slogan do cooperativismo é o Combate à Fome e à Pobreza, mas, em algumas vias públicas, nos deparamos sempre com tractores a carregar lixo e água, ao invés de estarem no campo”, lamentou.
Não obstante isso, o representante dos camponeses agradeceu o apoio do Executivo pelo fornecimento dos tractores, facto que vai revolucionar a produção nacional. Mas recordou: “não podemos continuar com os mesmos erros do passado, como aconteceu com o Parque da Mecanagro, que foi à falência e com muitos tractores parados”.