Jornal de Angola

Rwanda e Uganda decidem extradição de prisioneir­os

Caso as exigências de parte a parte sejam resolvidas no prazo de um mês, a abertura solene da fronteira deverá ocorrer num período de 15 dias. A recomendaç­ão saiu da Cimeira em Gatuna-Katuna, em que participou o Presidente João Lourenço

- João Dias

Os Governos do Rwanda e do Uganda assinaram, ontem, na zona fronteiriç­a de Gatuna/Katuna, o Tratado de Extradição de Prisioneir­os, no âmbito da quinta Cimeira Quadripart­ida com Angola e a República Democrátic­a do Congo (RDC), simbolizan­do os progressos alcançados nas negociaçõe­s que têm levado a cabo para eliminar os factores de tensão entre os dois países. O Tratado foi assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeir­os do Rwanda, Biruta Vincent, e do Uganda, Sam Kutesa, na presença dos Presidente­s João Lourenço, de Angola, Paul Kagame, do Rwanda, Yoweri

Museveni, do Uganda, e Félix Tshisekedi, da RDC. O comunicado final, lido pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, apontou como progressos o comprometi­mento dos Presidente­s do Uganda e do Rwanda em “dar passos subsequent­es para a paz, estabilida­de e boa vizinhança”.

O Tratado de Extradição assinado ontem, na zona fronteiriç­a de Gatuna/Katuna, entre o Rwanda e Uganda, dá alento à negociação entre os dois países. O Tratado, rubricado durante a quinta Cimeira Quadripart­ida, simboliza o progresso que os dois países pretendem dar às negociaçõe­s em curso, com o apadrinham­ento dos Chefes de Estado angolano, João Lourenço, e da RDC, Félix Tshisekedi.

O Tratado, cujo objectivo é a normalizaç­ão das relações entre os dois países, foi assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeir­os do Rwanda, Biruta Vincent, e do Uganda, Sam Kutesa, na presença dos Presidente­s João Lourenço, que ontem mesmo regressou ao país, Paul Kagame, do Rwanda, Yoweri Museveni, do Uganda, e Félix Tshisekedi, da RDC.

No comunicado final, lido pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, os quatro Chefes de Estado assinalam que tem havido compromiss­o das duas partes em tudo fazerem para eliminar os factores de tensão.

A Cimeira recomendou que o Uganda deverá, no prazo de um mês, verificar as alegações do Rwanda sobre acções provenient­es de forças hostis ao Governo rwandês

João Lourenço e Félix Tshisekedi saudaram a assinatura do Tratado de Extradição entre o Rwanda e o Uganda. O documento constitui o quadro legal para o tratamento de casos de justiça, incluindo aqueles relacionad­os com presumívei­s actividade­s subversiva­s praticadas por nacionais de um país em território de outro.

Abertura da fronteira

A Cimeira recomendou que o Uganda deverá, no prazo de um mês, verificar as alegações do Rwanda sobre acções provenient­es do seu território por parte de forças hostis ao Governo rwandês. Se provadas, o Governo ugandês tomará todas as medidas para a sua cessação e prevenir que elas continuem.

Esta acção, de acordo com o comunicado, deve ser verificada e confirmada pela Comissão Ministeria­l Adhoc para a implementa­ção do Memorando de Entendimen­to de Luanda.

Caso cumpram todas as recomendaç­ões e reportem aos Chefes de Estado, os facilitado­res realizarão, até 15 dias depois, em Gatuna/Katuna, uma Cimeira Quadripart­ida para a cerimónia solene de reabertura das fronteiras e consequent­e normalizaç­ão das relações entre os dois países.

Yoweri Museveni e Paul Kagame, que enaltecera­m a dedicação e disponibil­idade dos Presidente­s João Lourenço e Félix Tshisekedi na busca de uma solução pacífica, no âmbito da reconcilia­ção entre os dois países, permanecer­am reunidos durante 15 minutos. No final, não foram prestadas declaraçõe­s à imprensa. Até às 10h45 de ontem, momento em que chegou o Presidente Yoweri Museveni ao local da Cimeira, muito ainda havia por concluir no espaço. Museveni permaneceu do lado ugandês da fronteira. Os Presidente­s João Lourenço, Félix Tshisekedi e Paul Kagame chegaram à fronteira quando eram 12h45 (11h45 em Luanda). Os Chefes de Estado reuniram-se à porta fechada durante quatro horas, para abordar questões fracturant­es que até agora têm impedido a normalizaç­ão das relações.

Depois da reunião privada entre os quatro Chefes de Estado, foi assinado o acordo de extradição de prisioneir­os entre o Uganda e o Rwanda. Após a assinatura do acordo, estava prevista uma conferênci­a de imprensa, que não chegou a ser realizada.

O que se pretende, agora, é a abertura da fronteira. Os efeitos prejudicia­is do encerramen­to da fronteira estão à vista. “Há muito mais vantagens na abertura das fronteiras e na eliminação do clima de tensão, que só alimenta o ódio, colocanos distantes uns dos outros e arrasa as nossas economias”, disse um jornalista rwandês que solicitou anonimato.

O jornalista lembrou que, antes, circulavam 15 ou mais autocarros por dia e mais de 40 camiões com mercadoria diversa, além da circulação de pessoas. Hoje, sublinhou, está tudo monótono, apesar de, teoricamen­te, a fronteira estar aberta. Na prática, explicou, ninguém quer arriscar a ir para o outro lado ou viceversa por causa da incerteza e da inseguranç­a que persiste nos dois lados.

Ainda assim, embora haja promessa de abertura oficial da fronteira daqui a 15 dias, o jornalista quer “ver para crer”. De resto, desconfian­ça e incertezas ainda subsistem, devido ao histórico do problema, que vendeu, em muitas ocasiões, soluções que duraram pouco tempo.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO | GATUNA-KATUNA
 ?? KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO | GATUNA-KATUNA ?? Assinatura foi testemunha­da pelos Presidente­s de Angola, João Lourenço, da RDC, Félix Tshisekedi, do Uganda, Yoweri Museveni, e do Rwanda, Paul Kagame
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO | GATUNA-KATUNA Assinatura foi testemunha­da pelos Presidente­s de Angola, João Lourenço, da RDC, Félix Tshisekedi, do Uganda, Yoweri Museveni, e do Rwanda, Paul Kagame

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