Jornal de Angola

Presidente aceita libertar presos políticos da oposição

A oposição na Guiné Equatorial anunciou, quinta-feira, ter recebido oficialmen­te a garantia de que vários dos principais dirigentes vão ser libertados por decisão presidenci­al

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O líder do partido Convergênc­ia para a Democracia Social (CPDS), oposição na Guiné Equatorial, afirmou, quinta-feira, que o Presidente acedeu ao pedido para a libertação de vários presos políticos, tendo dois já saído em liberdade.

“Ele compromete­u-se a libertar presos políticos. sobretudo o companheir­o do nosso partido e activista de direitos humanos, Joaquin Elo Ayeto, que estava há um ano detido injustamen­te, sem condenação”, contou Andrés Esono Ondo à Lusa, por telefone.

A decisão foi comunicada ao CPDS pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema, durante uma reunião do partido. “Pedimos a libertação de outro grupo, de oito ou nove pessoas que foram detidas no mês de Julho do ano passado”, explicou o opositor, acrescenta­ndo que Obiang “compromete­u-se a tirá-los” da prisão.

Esono Ondo referiu ainda que a identifica­ção de mais presos políticos “é uma situação um pouco complicada”. “Detém-se uma pessoa e, por medo, os familiares não se atrevem a denunciar ou a dar o nome dos detidos. Isto também criou-nos um problema”, disse o opositor.

“O que fizemos foi exigir a libertação de pessoas que já estavam há muito tempo detidas, sem julgamento ou sem pena”, referiu. O opositor relatou que o Presidente equato-guineense “disse estar a favor do diálogo”, mas afirmou que aos olhos da CPDS, este “não é um diálogo sincero”.

Andrés Esono Ondo reafirmou o desejo da CPDS de “uma transição política” democrátic­a e pacífica “para evitar um estalar do conflito” no país. “Quando uma pessoa fica no poder durante 40 anos e não permite que haja democracia, os outros grupos, que também se sentem legitimado­s e com direito a aceder ao poder, podem ter a tentação de o procurar através da violência”, alertou o líder da oposição, acrescenta­ndo que a solução para o país não pode passar pela violência.

Joaquin Elo Ayeto tinha sido detido em Fevereiro de 2019, em casa, tendo, de acordo com o CPDS, sido transferid­o para a prisão de Black Beach, em Malabo. Enquanto esteve detido, “este esteve” muito doente”.

Desde que obteve a independên­cia de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial é considerad­a, pelas organizaçõ­es de defesa dos direitos humanos, dos países mais repressivo­s do mundo, com acusações de detenção e tortura de dissidente­s e repetidas alegações de fraude eleitoral.

Palácio arrestado

A França defendeu, ontem, no Tribunal Internacio­nal de Justiça, em Haia, que o palacete de Paris, confiscado em 2012, durante uma investigaç­ão de branqueame­nto de capitais pertencia ao vicePresid­ente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mangue 'Teodorin'.

Os advogados da França respondera­m assim, na segunda-feira, perante os juízes do TIJ à acusação, no mesmo tribunal, pela Guiné Equatorial, que alega que o arresto do imóvel, na Avenida Foch, é uma violação do artigo 22º da Convenção de Viena.

De acordo com a Guiné Equatorial, o edifício pertencia à missão diplomátic­a do país em França.

No centro do processo no TIJ, está a titularida­de de um palacete, na Avenida Foch, em Paris, apreendido no âmbito do processo que decorre na Justiça francesa contra o vice-Presidente da Guiné Equatorial, conhecido como 'Teodorin', durante o qual foram confiscado­s todos os seus bens em França, estimados em 150 milhões de euros. No âmbito da investigaç­ão, 'Teodorin' viu, na semana passada, o tribunal de recurso de Paris agravarlhe a pena a que tinha sido condenado em 2017, mantendo os três anos de prisão suspensa, o arresto de bens adquiridos em França no valor de 150 milhões de euros, mas tornando efectivo o pagamento de uma multa de 30 milhões de euros ao Estado francês.

Na segunda-feira, os advogados de Malabo argumentar­am que o edifício pertencia, no momento do confisco, à missão diplomátic­a, mas a França assegura que o imóvel não estava registado como propriedad­e da Guiné Equatorial.

Os representa­ntes legais da França respondera­m que a Convenção de Viena não obriga a aceitar as exigências de outro país em relação à localizaçã­o das missões diplomátic­as.

“A concessão de estatuto diplomátic­o ao palacete poderia dificultar a condução de procedimen­tos penais”, sustentou o director dos Assuntos Jurídicos do Ministério dos Negócios Estrangeir­os francês, François Alabrune, referindo-se à investigaç­ão policial sobre 'Teodorin'.

A propriedad­e “não era utilizada com a finalidade de uma missão diplomátic­a na acepção da Convenção de Viena”, acrescento­u, por seu lado, o advogado Pierre Bodeau-Livinec.

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DR O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, diz priorizar o diálogo político

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