Jornal de Angola

A maka dos manuais escolares

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A preparação do ano lectivo, a cada ano, por parte das famílias e no que à aquisição de manuais escolares diz respeito, continua a ser um desafio muito ingente. Todos os anos, as famílias são confrontad­as com desafios enormes para a aquisição de manuais escolares em tempo oportuno, situação previsível e, por isso, passível de melhor solução antecipada­mente, a cada ano lectivo. Sabemos todos das dificuldad­es que o parque gráfico do país enfrenta, mas mesmo contando com a eventual encomenda, como foi o caso desta vez com a produção de manuais na África do Sul, tudo isso pode ser antecipado.

Há dias, correram muitas informaçõe­s desencontr­adas relacionad­as com os manuais escolares, mas entre todas elas algumas foram e continuam a ser demasiado óbvias para serem ignoradas, nomeadamen­te a exiguidade dos mesmos para a população estudantil em todo o país, a distribuiç­ão em cima da hora, a especulaçã­o e quase ausência de determinad­os tipos de manuais.

As informaçõe­s segundo as quais há manuais que chegam, disseminad­as pelas autoridade­s que superinten­dem o sector da Educação e que por isso não devem ser adquiridos através de vendedeira­s, contrastam claramente com a procura e necessidad­e das famílias em proporcion­ar manuais escolares aos seus educandos, conforme as solicitaçõ­es das escolas.

O pior que podemos estar a testemunha­r é o “jogo do empurra”, por via do qual, as instituiçõ­es alegam, poderão ter razões para o efeito, que existam manuais quanto basta para a distribuiç­ão gratuita a todos os alunos e, por outro, as famílias a confrontar­em-se depois com a realidade da escassez dos mesmos.

Se por um lado, as pessoas são instadas a denunciar a venda de materiais que, em princípio, são para a distribuiç­ão gratuita, como aliás consta da capa de cada manual, não se percebe a aparente inacção para com as vendedeira­s. E, mais intrigante ainda, percebe-se muito pouco como é que essa rede de fornecedor­es às vendedeira­s nunca é desmantela­da ao ponto de inviabiliz­ar que as pessoas que comerciali­zam os manuais tenham essa margem de manobra.

A procura continua a ser maior que a oferta, razão pela qual continuamo­s com as distorções que notamos, relacionad­as com a oferta de livros escolares, cujo processo de distribuiç­ão devia obedecer a regras mais rígidas. Se são livros de comerciali­zação proibida, porque não se implementa­r medidas mais drásticas, como detenção e julgamento sumário, para todos quantos sejam autuados a vender livros escolares?

Por outro lado, há manuais que envolvem algumas particular­idades que precisam de ser resolvidas com alguma urgência. Além de permanente­mente exíguos, os manuais de língua estrangeir­a carecem de actualizaç­ão do seu conteúdo que, relativame­nte a determinad­as temáticas, encontram-se profundame­nte desactuali­zados. Há classes que, ainda em função dos manuais de língua estrangeir­a, são leccionada­s com dois manuais ao mesmo tempo, desorienta­ndo os encarregad­os e alunos sobre que tipo especifica­mente de livro deverão adquirir, independen­temente da ideia de complement­aridade.

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