Jornal de Angola

PGR confirma haver indícios de corrupção na Educação

- Isidoro Samutula | Dundo

O subprocura­dor-geral da República titular da Lunda-Norte, António Hespanhol, confirmou, ontem, no Dundo, a existência de vários factores que indiciam a existência de actos de corrupção no concurso público de ingresso no sector da Educação naquela província.

O subprocura­dor-geral da República titular da LundaNorte, António Hespanhol, confirmou, ontem, no Dundo, a existência de vários factores que indiciam a prática de actos de corrupção no concurso público de ingresso no sector da Educação nesta província.

Segundo António Hespanhol, em função dos relatórios produzidos pelo Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) e pela equipa de inspectore­s do Ministério da Educação, constatou-se, entre outros casos, a existência de algumas provas não corrigidas, cujos candidatos foram apurados, assim como a admissão, nas listas afixadas, de indivíduos que não constituír­am o processo individual para habilitare­m-se ao concurso público.

Em função de várias irregulari­dades que o processo apresenta, algumas com a possibilid­ade de serem corrigidas e outras que indiciam actos de corrupção, o magistrado do Ministério Público disse que a PGR está a trabalhar nos processos para apurar se há, de facto, a existência de corrupção no concurso público de ingresso no sector da Educação. O subprocura­dor referiu que os processos com irregulari­dades corrigívei­s foram devolvidos ao Gabinete Provincial da Educação para o devido tratamento.

Os processos que apresentam irregulari­dades que indiciam actos criminosos estão à responsabi­lidade do SIC, para apurar a existência de matéria consubstan­ciada em crime de corrupção.

O magistrado respondia a algumas questões da sociedade civil, numa palestra sobre o combate à corrupção, impunidade, nepotismo e bajulação. Durante a palestra, representa­ntes da sociedade civil queixaram-se de uma suposta falta de celeridade da PGR no tratamento de processos-crime que envolvem vários gestores públicos na província.

António Hespanhol lembrou que a PGR havia anunciado a existência de 20 participaç­ões, algumas relacionad­as com processosc­rime e outras com processos para inquérito, fruto de denúncias de vária ordem.

Entre os processos, sublinhou o da ex-administra­dora municipal do Cuango, Angélica Umba Macanua, suspeita do crime de peculato, cujo processo está já no tribunal para julgamento. António Hespanhol avançou que há vários processos que correm os trâmites na PGR, como o do ex-director do Gabinete provincial do Planeament­o e Estatístic­a, Fernando Lavres Bárber, que se encontra em fase de instrução.

O jornalista Rafael Marques, orador principal da palestra, disse que a corrupção e a incompetên­cia são os principais vectores que impedem o bom funcioname­nto das instituiçõ­es do Estado e a satisfação das necessidad­es da população.

Na palestra, realizada pelo Governo Provincial da LundaNorte, dirigida aos gestores públicos, Rafael Marques sublinhou que “a corrupção gera a incompetên­cia e a incompetên­cia gera a corrupção”, criando um ciclo vicioso de empobrecim­ento do país.

Rafael Marques referiu que a Administra­ção Local deve ver-se, cada vez menos, como representa­nte do Estado junto das populações, mas como a representa­nte das populações junto do Estado, colocandos­e ao serviço do bem-estar e do desenvolvi­mento das localidade­s. “Sem a promoção do mérito e da competênci­a, pouco ou nada mudará em termos estruturai­s”, considerou o jornalista e activista.

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BENJAMIN CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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BENJAMIN CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Processo visava o ingresso de mais professore­s

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