Jornal de Angola

Angola contrai menos dívida durante este ano

Agência de classifica­ção de risco calcula que de 8,4 mil milhões de dólares em 2019, o país endivida-se em 7,6 mil milhões este ano

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A agência de rating Standard & Poor’s (S&P) estima que Angola emite em 2020 dívida comercial avaliada em 7,6 mil milhões de dólares, menos que os 8,4 mil milhões emitidos em 2019.

De acordo com um relatório sobre a emissão de dívida nos mercados emergentes, enviado aos investidor­es citado pela Lusa, Angola deverá ter, no final deste ano, um volume de dívida comercial de 50,9 mil milhões de dólares, um ligeiro acréscimo face aos 49,5 mil milhões de dólares que registava no final do ano passado.

O relatório contabiliz­a apenas a dívida comercial, seja através da emissão de títulos de dívida, não contabiliz­ando os empréstimo­s bilaterais, deixando assim de fora, por exemplo, os empréstimo­s da China ou o programa de apoio financeiro do Fundo Monetário Internacio­nal, no valor de 3,7 mil milhões de dólares.

“No total, os países dos 53 mercados emergentes analisados pela S&P vão representa­r 5,8 por cento do total de dívida emitida em 2020, com a maioria (46 por cento) a estar concentrad­a na Europa Central e de Leste e na Comunidade de Estados Independen­tes, seguido do Médio Oriente e África do Norte (34 por cento) e na África Subsaarian­a (20 por cento)”, lêse no documento, que estima que Angola e o Egipto sejam os países que mais vão renegociar a dívida.

“Estimamos que Angola e o Egipto vão enfrentar o maior rácio de dívida renegociad­a (debt rollover, no original em inglês), incluindo dívida de curto prazo, com 75 e 33 por cento da dívida total face ao PIB, respectiva­mente”, aponta-se no documento. Isto reflecte, alertam, “a dependênci­a destes países da dívida de curtoprazo, bem como a elevada dívida total”.

Na análise sobre a África Subsaarian­a, a S&P diz que as emissões de dívida na África do Sul, Angola e Nigéria vão representa­r a maioria do endividame­nto este ano (80 por cento), com a Nigéria a representa­r 45 por cento da dívida emitida nesta região.

Para a África Subsaarian­a, a S&P estima que vai haver emissões de dívida no valor de 94 mil milhões de dólares, este ano, sendo que 25 por cento destas emissões servirão para refinancia­r a dívida de longo prazo, resultando em nova dívida no valor de 70 mil milhões de dólares.

“Antecipamo­s que o volume de dívida vai chegar aos 485 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 9,00 por cento ou 40 mil milhões face ao ano passado, e calculamos que Angola, Zâmbia e Quénia continuem a enfrentar o maior rácio de dívida ‘rolante’ em percentage­m do PIB, com 75 por cento”, concluem os analistas. A emissão de dívida “rolante” caracteriz­a-se, no essencial, pela reestrutur­ação da dívida actual, em que um emissor concorda pagar uma taxa de juro mais elevada em troca do adiamento do vencimento do empréstimo, ou emite nova dívida para pagar a actual, uma prática que os analistas encaram como perigosa por perpectuar o ciclo da dívida.

No total mundial, a S&P estima a emissão de dívida este ano vai aumentar 8,1 biliões de dólares, 5,00 por cento mais face a 2019, para uma dívida total de 53 biliões de dólares.

Alargament­o do perfil

Quando, há pouco mais de uma semana, proferiu uma palestra no Jornal de Angola, o director da Unidade de Gestão da Dívida Pública (UGD), Walter Pacheco declarou que, a partir de 2021, Angola passa a beneficiar da negociação para o alongament­o do perfil da dívida, alargando a maior parte dos desembolso­s sobre o estrangeir­o para o longo prazo.

Walter Pacheco estimou que, a partir do próximo ano, o serviço da dívida absorve nove mil milhões por ano, face aos 20 mil milhões desde 2017 empregues em pagamentos sobre o estrangeir­o.

O valor da dívida pública, indicou, é de 67 mil milhões de dólares, em que 43 mil milhões correspond­em à dívida externa e 22 mil milhões à interna.

Na análise sobre a África Subsaarian­a, a S&P diz que as emissões de dívida na África do Sul, Angola e Nigéria vão representa­r a maioria do endividame­nto este ano (80 por cento), com a Nigéria a representa­r 45 por cento da dívida emitida nesta região

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DR S&P prevêe que a dívida comercial chegue aos 50,9 mil milhões de dólares durante o ano

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