Políticas migratórias preocupam Bruxelas
As políticas de migração que o Reino Unido pretende assumir, a partir de 2021, são “um dos berbicachos” que Portugal e a União Europeia têm pela frente, admitiu, ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, no Parlamento.
“Não é imaginável que consigamos uma relação muito próxima em matérias de relação comercial, de defesa e de segurança, entre outras”, mantendo uma política migratória como defende o Reino Unido, afirmou Augusto Santos Silva em comissão parlamentar. “Esse é um dos berbicachos que temos pela frente”, reconheceu.
O Reino Unido anunciou, no passado dia 19, que irá adoptar novas regras para a migração pós-Brexit, dificultando o acesso dos cidadãos da União Europeia e impondo requisitos, como falar inglês, qualificações e um salário mínimo de 25.600 libras (30.800 euros).
Lembrando que o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia conseguido foi “de transição suave”, Augusto Santos Silva sublinhou que, “a partir de Janeiro do próximo ano, o Reino Unido será soberano em termos de política migratória”.
“Mesmo que essas regras não tenham o acordo da União Europeia e dos outros Estados-membros, foi para isso que o Reino Unido fez o Brexit”, lembrou Santos Silva.
O ministro garantiu, no entanto, que Portugal não só não pretende adoptar nenhum tipo de retaliação relativamente à política migratória do Reino Unido como não o recomenda a nenhum dos outros Estadosmembros da União Europeia. “Não nos podemos esquecer que o Reino Unido é o primeiro mercado de turismo de Portugal”, portanto “temos todo o interesse em tratar bem os britânicos”, referiu.
De acordo com dados divulgados em Janeiro pelo Turismo de Portugal, o Reino Unido é o quarto maior mercado emissor de turistas a nível mundial e o segundo maior da Europa.