Nomeação de Nabian agudiza situação em Bissau
O autoproclamado presidente Umaro Sissoco Embaló demitiu, ontem, o PrimeiroMinistro em funções, Aristides Gomes, e nomeou outro político, Nuno Nabian, para o cargo. Fontes citadas pela agência Lusa indicam que militares guineenses retiraram os funcionários da rádio e da televisão públicas da Guiné-Bissau e ordenaram a suspensão das emissões.
O Primeiro-Ministro agora indigitado é o líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que fazia parte da coligação do Governo, mas que apoiou Sissoco Embaló na segunda volta das presidenciais.
Nabian é também primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional Popular e foi nessa qualidade que indigitou simbolicamente Sissoco Embaló como Presidente, na quintafeira, numa cerimónia realizada num hotel da capital guineense, qualificada como “golpe de Estado” pelo Governo guineense. Embaló justificou a demissão de Aristides Gomes com a sua “actuação grave e inapropriada”, por convocar o corpo diplomático presente no país, induzindo-o a não comparecer na tomada de posse e a “apelar à guerra e sublevação em caso da investidura do chefe de Estado, que considera um golpe de Estado”.
Até ao fecho desta edição, a situação na capital guineense era calma, verificando-se, segundo a imprensa estrangeira, apenas a presença de alguns militares junto a algumas instituições do Estado, como o Palácio do Governo, o Supremo Tribunal de Justiça ou os ministérios das Finanças, da Justiça e Pescas, estes três na mesma avenida no centro de Bissau. No parlamento, não há presença de militares.
“Golpe de Estado”
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, afirmou, ontem, nas redes sociais, que as instituições do Estado estão a ser invadidas por militares, num claro “acto de consumação do golpe de Estado”.
“Há cerca de meia hora, as instituições de Estado estão a ser invadidas por militares, num claro acto de consumação do golpe de Estado iniciado ontem (quinta-feira), com a investidura de um candidato às eleições presidenciais”, refere Aristides Gomes na sua página oficial no Facebook.
Cassamá Presidente
A Guiné-Bissau e o mundo ainda não tinham “digerido” o anúncio da demissão do Primeiro-Ministro, Aristides Gomes, por Umaro Embaló, o presidente do Assembleia Nacional Popular da GuinéBissau, Cipriano Cassamá, tomava posse, também ontem, como Presidente interino, numa sessão no Parlamento.
A posse foi conferida pela deputada Dan Ialá, primeira secretária da mesa do Parlamento, invocando o n.º 2 do artigo 71 da Constituição guineense, que prevê que, havendo vacatura na chefia do Estado, o cargo é ocupado pelo presidente da Assembleia Nacional Popular, segunda figura do Estado. À cerimónia estiveram presente 52 deputados.