Jornal de Angola

JURA ameaça intentar acção contra a Polícia

- Edna Dala

Agostinho Kamuango, secretário-geral da organizaçã­o juvenil da UNITA, a JURA, aventou, sexta-feira, a hipótese de intentar uma acção judicial contra a Polícia Nacional, pelos actos praticados no dia 19 deste mês, durante uma manifestaç­ão contra a tomada de posse do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva.

Kamuango falava em conferênci­a de imprensa, em Luanda, para fazer o balanço da manifestaç­ão e da reacção da Polícia Nacional. A conferênci­a de imprensa contou com a participaç­ão dos líderes do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) e da Juventude de Renovação Social (JURS).

Para os três movimentos juvenis, a Polícia Nacional agiu com brutalidad­e e usou meios de repressão desajustad­os ao carácter da manifestaç­ão, causando ferimentos a muitos jovens, alguns dos quais tiveram de ser submetidos a pequenas cirurgias devido às agressões.

Entretanto, a JURA, MEA e JURS anunciaram, para breve, a distribuiç­ão de relatórios em todos os departamen­tos de instituiçõ­es de defesa dos direitos humanos sobre aquilo que consideram ser os “actos bárbaros” cometidos pelos efectivos da Polícia Nacional. O líder da JURA disse que, para já, devem ser produzidos documentos que serão distribuíd­os aos membros do corpo diplomátic­o acreditado­s no país. Agostinho Kamuango alertou, entretanto, que o que aconteceu no dia 19 foi apenas o começo de muitas outras manifestaç­ões que podem ser realizadas em todo o país. “A juventude não tem receios de sair à rua, porque está em causa o futuro das próximas gerações. Os jovens estão motivados e poderão sair à rua a qualquer altura, de modo a garantir um país melhor para as gerações vindouras”, disse.

A versão da Polícia

O porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Hermenegil­do de Brito, disse, momentos depois do ocorrido, que mais de 100 manifestan­tes tentaram aproximar-se do Parlamento, criando constrangi­mentos ao trânsito automóvel, o que forçou a intervençã­o da Polícia para manutenção da ordem e tranquilid­ade.

O oficial da Polícia Nacional referiu que o grupo se manifestou sem cumprir o estipulado na lei, que estabelece uma prévia autorizaçã­o para o efeito. “Não estavam reunidas as condições de segurança para o livre exercício do direito de liberdade de manifestaç­ão, previstos no artigo 47º da Constituiç­ão da República”, argumentou.

Hermenegil­do de Brito refutou as acusações publicadas nas redes sociais e em alguns órgãos de comunicaçã­o social, segundo as quais os efectivos da Polícia Nacional no terreno teriam utilizado “força excessiva” para conter a manifestaç­ão.

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