CARTAS DOS LEITORES
Água colorida
Vivo na área do Tunga Ngó, junto ao mercado homónimo, aqui na comuna do Rangel e escrevo para o Jornal de Angola para reclamar sobre a qualidade da água. A minha filha que está no ensino secundário, várias vezes, pergunta porque é que os alunos aprendem na escola que um dos atributos da água é o lado incolor, quando em casa o líquido precioso chega com cor. Gostaria que a EPAL explicasse porque é que a água fornecida nunca é incolor, insípida e inodora, três das principais propriedades que o líquido precioso normalmente comporta. O país está quase a completar 50 anos de independência e não faz sentido que, em muitas áreas, estejamos ainda a viver realidade da Idade Média. Nas zonas urbanas de todas as cidades de Angola, e já agora não falo apenas de Luanda para não ser regionalista, devia ser inaceitável o fornecimento de água em condições inapropriadas para o consumo humano. Não sei qual é a realidade das outras províncias, por isso, se calhar, é melhor falar de Luanda, onde a água que se diz potável nunca tem ao menos as três propriedades mais conhecidas daquele líquido. Não sei o que é que se passa com os centros de tratamento e distribuição de água em
Luanda, que não conseguem criar as condições para um fornecimento de água em condições mínimas para o consumo humano. Diz-se que em tempo de chuva é maior a probabilidade de a água chegar aos pontos de consumo turva, atendendo à subida do caudal e às enxurradas que as correntezas arrastam. Mas essa desculpa não colhe na medida em que há meios materiais para fazer face aos desafios desta fase menos boa em termos de fornecimento de água. Se a qualidade da água bruta muda drasticamente nesta altura alegadamente por causa da chuva, obviamente que as condições para tratar da água deviam ser outras, mais exigentes nesta altura. Aliás, mesmo na fase em que não chove, dificilmente temos água com qualidade nos três meses de Cacimbo. A cor da água tem contribuído para muitos problemas de saúde, que temos assistido.
Acho que está na altura de as autoridades ponderarem a liberalização do sector para que, em determinadas esferas, os operadores privados entrem no negócio da distribuição de água. O Estado pode continuar com a produção de água, mas os operadores privados podem e devem entrar no negócio da água. Vale a pena ponderar-se essa possibilidade e com o devido monitoramento por parte do Estado e das suas instituições. AMÉLIA SILVA Quifica
Sorteio de casas
Escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a maka do sorteio das casas, em que as modalidades são muito draconianas. Não entendo como é que os candidatos que se inscrevem para comprar e alugar casas não são previamente escolhidos em função dos critérios. Acho que no início do processo, as entidades que patrocinam os referidos sorteios devem ser capazes de seleccionar cada candidatura em função da capacidade de cada candidato puder ou não suportar a aquisição. Acho que as candidaturas não podem ser sorteadas sem que sejam capazes de fazer prova da sua capacidade, através de documentos apresentados, de adquirir uma casa. Para terminar acho que as autoridades deviam escrutinar melhor os processos de sorteio de casas. LINDO DE CARVALHO Prenda