Encontrámos Henda Ducados
no seu escritório, em Luanda, para falar do filme “Mário”, do cineasta norteamericano Billy Woodberry, que retrata a vida do pai, Mário Pinto de Andrade. A conversa foi em Fevereiro e esperávamos depois entrar em contacto com o realizador para falar sobre o seu projecto. Todas as tentativas falharam, já que não respondeu a qualquer mensagem.
Contudo, segundo a produtora portuguesa Divina Comédia, o documentário “Mário” conta a história de Mário Pinto de Andrade (1928-1990), um dos fundadores do MPLA e seu presidente, pensador do pan-africanismo, guerrilheiro, diplomata e poeta, e a sua missão dentro dos movimentos de libertação Africanos sob domínio colonial português.
Sem a conversa com Billy Woodberry, a entrevista com Henda Ducados impõe-se agora. Depois do passamento físico da viúva de Mário (atenção que a entrevista foi realizada antes desse evento), Sarah Maldoror, em Paris, por doença, aos 91 anos, o diálogo com uma das duas filhas do casal, que agora se publica, lembra o amor pela mesma causa: “Estamos a falar de duas pessoas oriundas de mundos e culturas completamente diferentes, mas que reconheceram a necessidade de trabalhar juntos em prol da emancipação cultural”, diz a economista e socióloga Henda Ducados Pinto de Andrade . Ela está a preparar, com a irmã, Annouchka de Andrade, um livro epistolar no qual revelam o legado dos pais às filhas. No meio, fala da necessidade de se ter uma História acessível a todos. “O importante aqui não é uma História que vai sobrepor-se a outra. O importante aqui é assumir que a nossa História é plural, é feita de contradições porque ela é diversa”.