INVESTIGADORA
Fundação Dr. António Agostinho Neto lamenta falecimento de Manuela Batalha
A Fundação Dr.António Agostinho Neto lamenta, em comunicado, o falecimento da doutora Maria Manuela Batalha VanDúnem, ocorrido em Lisboa, no dia 15 de Abril de 2020, durante o Estado de Emergência decretado em função da pandemia da Covid-19.
Nascida aos 26 de Julho de 1938, em Luanda, Manuela Batalha foi uma destacada investigadora biomédica e nacionalista angolana, formada em Farmacologia e Biologia Biomédica. Trabalhou como investigadora no Instituto de Investigação Científica de Angola (IICA), foi directora do Departamento Científico do Museu Nacional de História Natural, em Luanda, representou Angola no Centro Internacional das Civilizações Bantu (CICIBA), sediado em Libreville, no Gabão, foi membro do Comité Internacional sobre Plantas Medicinais e Medicina Tradicional, membro do Comité “Santé et Dévelopment Plan d’Action” de Lagos e consultora científica africana.
O conhecimento etnobotânico de Angola é escasso e encontra-se restrito ao conhecimento tradicional sendo, no entanto, reconhecido o seu valor social, cultural e também espiritual. Apesar do poder de cura que é atribuído às plantas, muito pouco tem sido feito relativamente ao respectivo conhecimento químico. Para o conhecimento etnobotânico de
Angola podem-se destacar os trabalhos pioneiros de Brito Teixeira (1960), Óscar Azancot de Menezes (não publicado) e Manuela Batalha Van-Dúnem (1979-1994), cujos resultados não estão adequadamente explorados, tendo existido vários inquéritos etnobotânicos conduzidos pela doutora Manuela Batalha nas províncias do Bengo, Cuanza-Sul, LundaNorte, Lunda-Sul, Malanje e Moxico.
A doutora Manuela Batalha Van-Dúnem publicou vários trabalhos científicos sobre a etnobotânica e farmacopeia angolana, entre outros o livro “Plantas Medicinais : Medicamentos ao Alcance de Todos”, em 1989; Medicina e farmacopeia tradicionais bantu. “Muntu”, in Revue Scientifique et Culturelle du CICIBA - Centre International des Civilizations Bantu, Libreville, Gabon, 1985; Tratamento e prevenção da doença na sociedade tradicional angolana. “Angolê : artes, letras, ideias e economia”, Odivelas, 1990.
A doutora Manuela Batalha Van-Dúnem era viúva do Dr. Amândio Pereira dos Santos Van-Dúnem e deixa dois filhos, a dra. Filomena Augusta Batalha Nogueira e o piloto José Carlos Batalha Vasconcelos. “A Fundação Dr. António Agostinho Neto inclina-se perante a sua memória e apresenta as suas sentidas condolências aos filhos e à família enlutada. Que a sua alma descanse em paz”, lê-se na mensagem de condolências.