Movimento Kumba Ialá exige reposição do Governo
O Movimento de Salvação do Partido da Renovação Social (PRS) e da memória do falecido Presidente da GuinéBissau, Kumba Ialá, defendeu, ontem, a reposição do Governo saído das eleições e sanções contra os "políticos golpistas" no país.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do movimento, Alqueia Tamba, disse estar a falar, mandatado por Sori Djaló, líder do Movimento que se assume como defensor dos ideais de Kumba Ialá, fundador do PRS, actualmente terceira força política no Parlamento guineense.
O Movimento, criado em Fevereiro de 2019, tem-se posicionado contra a actual direcção do PRS, liderada por Alberto Nambeia, a quem acusa de se "desviar dos princípios de Kumba Ialá e actualmente ser um golpista", segundo Alqueia Tamba.
"A nossa indignação prende-se com o facto de um Governo saído de eleições ter sido derrubado por alguém que nem é Presidente da República", disse Tamba, referindo-se a Umaro Sissoco Embaló, que se autoproclamou Presidente da Guiné-Bissau, no meio de um contencioso judicial à volta das eleições presidenciais.
O porta-voz do Movimento de Salvação do PRS afirmou que aconselharam Alberto Nambeia "a não envolver o PRS no caminho perigoso do golpe", mas que aquele "não quis dar ouvidos".
"Para nós o cúmulo disto tudo é ver o PRS a integrar um Governo resultante de um golpe de Estado. Não podemos compactuar com isso, porque nós somos pela democracia", declarou Alqueia Tamba, exigindo a reposição do Governo saído das eleições legislativas de Março de 2019.
Na próxima semana, o Movimento liderado por Sorri Djaló, antigo líder do Parlamento guineense e ex-presidnete do PRS, promete entregar aos representantes da comunidade internacional em Bissau, um documento no qual vão apresentar uma lista de políticos do país "que devem ser sancionados, por serem perturbadores".
Segundo Alqueia Tamba, a lista será encabeçada por Alberto Nambeia e o Presidente cessante guineense, José Mário Vaz, a quem acusa de ter abandonado as funções e o Palácio da República, disse.
O porta-voz do Movimento de Salvação do PRS acusa o Governo, entretanto instituído e liderado pelo Primeiro-Ministro, Nuno Nabian, de "não estar a fazer nada de concreto" perante a pandemia gerada pelo novo coronavirus.
"Em vez de lidarem com o problema, estão a espancar pessoas nas ruas, quando a fome aumenta e todos os dias há casos de infecção a aumentar", observou Alqueia Tamba.
Alqueia Tamba avisou que a partir da próxima semana, o seu movimento pondera colocar pessoas nas ruas de Bissau "para que manifestem a sua indignação contra o golpe", disse.
A Guiné-Bissau vive mais um período de crise política, depois de Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre, no Supremo Tribunal de Justiça, um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.