Época chuvosa fez 57 mortos
Um balanço divulgado, ontem, em Maputo, revela que a última época chuvosa causou 57 mortes e afectou mais 19 mil pessoas no país
Pelo menos, 57 pessoas morreram e 191 mil foram afectadas pela época chuvosa 2019-2020 em Moçambique, informou, ontem, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
Num documento sobre o período chuvoso a que a Lusa teve acesso, o INGC indica que, na região centro, ocorreram 41 mortes na província da Zambézia, oito em Sofala, duas em Manica. As províncias de Maputo (Sul) e Niassa (Norte) registaram duas mortes cada.
Os dados, que analisam a situação do país entre Outubro a Março, indicam que a maior parte das mortes (45) foi causada por descargas atmosféricas e as outras ligadas ao desabamento de residências e afogamentos.
O INGC refere que a época chuvosa afectou mais de 191 mil pessoas e destruiu cerca de 18 mil casas, 550 salas de aulas e oito hospitais.
Entre os meses de Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral, além de secas que afectam quase sempre alguns pontos do Sul do país.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois ciclones (Idai e Kenneth) que se abateram sobre o país em Março e Abril do ano passado.
Projecto no Rovuma compromete crescimento
O gabinete de estudos económicos do Standard Bank considera que o adiamento da decisão final de investimento da ExxonMobil no projecto da bacia do Rovuma, em Moçambique, vai dificultar o acesso a financiamento externo do país.
“O adiamento da Decisão Final de Investimento no projecto de Gás Natural Liquefeito na bacia do Rovuma é outro revés para Moçambique, já que prejudica a balança de pagamentos, o crescimento do Produto Interno Bruto e a perspectiva de cumprimento do orçamento”, escrevem os analistas na mais recente nota sobre as economias africanas.
No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os economistas do gabinete de estudos deste banco sul-africano dizem que o adiamento “reduz materialmente o montante de entrada de capitais e o investimento directo estrangeiro que Moçambique deverá receber, e também prejudica a capacidade de acesso aos mercados internacionais por parte do sector público do país”.
De acordo com o Standard Bank, a questão da sustentabilidade da dívida ficará mais clara quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgar a análise sobre a sustentabilidade da dívida de Moçambique, “nas próximas semanas, definindo o montante de apoio financeiro que pode ser disponibilizado ao país”.
No projecto do Rovuma, liderado pela petrolífera norteamericana ExxonMobil, o maior dos três grandes de gás natural liquefeito em desenvolvimento, em Moçambique, era previsível que as operações começassem em 2025, mas parece, agora, cada vez mais provável, que sejam adiadas.
Já este mês, a petrolífera anunciou, oficialmente, o adiamento da Decisão Final de Investimento, citando as difíceis condições de operação decorrentes do abrandamento da economia a nível mundial e a redução do preço das matérias-primas devido à descida da procura, no seguimento das medidas decretadas para conter a propagação da pandemia da covid-19.