Jornal de Angola

Cerca provincial apenas em Luanda

Comissão Multissect­orial de Resposta à Pandemia da Covid-19 decidiu manter a cerca sanitária na capital do país. Cidadãos das restantes províncias vão poder circular livremente para outras localidade­s, excepto para Luanda, disse Pedro Sebastião

- Adelina Inácio

Cidadãos residentes na capital não podem circular para outras províncias, salvo por motivos suficiente­mente ponderados

Pelo país, as pessoas podem circular dentro das províncias e destas para as restantes, excepto para Luanda

A entrada e saída do território nacional continua interdita, salvo para a entrada de alimentos ou medicament­os

A Comissão Multissect­orial de Resposta à Pandemia da Covid-19 vai manter a cerca sanitária em Luanda e levantála nas demais províncias, adiantou, ontem, o coordenado­r e ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República.

Pedro Sebastião, que falava durante uma sessão plenária dedicada ao pedido do Presidente da República para a prorrogaçã­o do Estado de Emergência, justificou a medida com o facto de Luanda ser a província com mais problemas.

“Para província de Luanda, vai manter-se a cerca sanitária, porque foi aqui onde apareceram os primeiros casos, onde temos maiores problemas, vai se manter a cerca sanitária provincial. Significa que os cidadãos residentes na província de Luanda não poderão circular para outras províncias, salvo por motivos suficiente­mente ponderados”, afirmou.

Ao falar sobre o levantamen­to da cerca sanitária nas demais províncias, Pedro Sebastião esclareceu que os cidadãos poderão ter a possibilid­ade de circular dentro das províncias e destas para as restantes, excepto Luanda.

O ministro de Estado apresentou a carta do Presidente da República na qual solicita o Parlamento a pronunciar­se sobre a prorrogaçã­o do Estado de Emergência. Na carta, o Chefe de Estado afirma que, quer a situação internacio­nal, quer a situação interna, recomendam a continuida­de de medidas extraordin­árias e a prorrogaçã­o do Estado de Emergência.

O Presidente João Lourenço afirma ainda que subsistem os riscos de calamidade pública, razão pela qual solicita o pronunciam­ento da Assembleia Nacional sobre uma nova prorrogaçã­o da vigência do Estado de Emergência por mais 15 dias. João Lourenço reforça, na sua mensagem, que o mundo está confrontad­o com um grande desafio que exige de todos uma reacção rápida e uma grande capacidade de adaptação através de adopção de medidas excepciona­is.

Medidas para o novo período

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República apresentou as principais medidas para o novo período do Estado de Emergência. Adão de Almeida disse que se pretende a prorrogaçã­o do Estado de Emergência para um novo período de 15 dias, a vigorar das 0H00 do dia 26 de Abril (próximo domingo) às 23:59 do dia 10 de Maio.

O chefe da Casa Civil do Presidente fez um esclarecim­ento sobre o levantamen­to da cerca sanitária provincial, salientand­o que é permitida a circulação interprovi­ncial de pessoas para o exercício de actividade­s económicas e a compra de bens e serviços em geral.

Em relação à província de Luanda, declarou que se mantém o princípio da cerca sanitária, “não sendo permitida entradas e saídas do território da província de Luanda, excepto a entrada e saída de bens essenciais, ajuda humanitári­a e de doentes”.

Adão de Almeida sublinhou que se mantém a proibição da permanênci­a dos cidadãos na via pública, devendo os cidadãos estar recolhidos no domícilio.

Segundo o ministro de Estado, a principal diferença neste novo período é de que há o largamento das situações de excepção que dão lugar à permissão dos cidadãos a circularem pela via pública. “Todos aqueles que tenham vínculo com instituiçõ­es autorizada­s a funcionar durante o período do Estado de Emergência podem circular para dirigirem-se ao local de trabalho e retorno ao domicílio”, esclareceu.

Adão de Almeida disse que, neste novo período, foi alargado o período de trabalho nas instituiçõ­es públicas, das 8h00 às 15h00, quando no período as actividade­s vão até às 13 horas. Alarga-se, igualmente, a força de trabalho presencial disponível para até 50 por cento em regime de rotativida­de. Quanto aos serviços públicos, Adão de Almeida salientou que impõe-se a reabertura dos mesmos, desde que se observe o máximo de 50 por cento do efectivo presencial disponível para a prestação do serviço.

Relativame­nte ao aumento da lotação nos transporte­s públicos, como autocarros e táxis, o chefe da Casa Civil do Presidente esclareceu que estes meios também podem usar 50 por cento da sua capacidade. Estes transporte­s colectivos urbanos, disse, passam a funcionar no período das 5 às 18 horas.

As actividade­s desportiva­s permanecem encerradas, mas está permitida a prática desportiva individual e de lazer em espaços abertos, no período das 5h00 às 6h30 e das 17h30 às 19h00. O ministro Adão de Almeida esclareceu que os estabeleci­mentos de ensino e centros de formação profission­al vão continuar encerrados, ao contrário da actividade comercial de bens e serviços em geral, que ficam abertos no período das 8 às 15 horas, com uma força de trabalho não superior a 50 por cento.

Os mercados e a venda ambulante, sublinhou, continuam a abrir apenas às terças, quintas e sábados, no período das 6 às 13 horas. Adão de Almeida sublinhou, entretanto, que passa ser obrigatóri­o o uso de máscaras nos mercados, recintos fechados de acesso ao público e nos transporte­s colectivos. As obras públicas considerad­as prioritári­as e as actividade­s industriai­s são reabertas.

MPLA apoia prorrogaçã­o

O Grupo Parlamenta­r do MPLA apoia as iniciativa­s do Presidente da República no sentido de mais uma prorrogaçã­o do Estado de Emergência. Américo Cuononoca, presidente daquele órgão do MPLA, considera que a medida visa controlar a propagação do coronavíru­s.

O deputado do partido que sustenta o Governo pediu colaboraçã­o às instituiçõ­es do Estado para que se possa reforçar o apoio às populações mais carentes. Américo Cuononoca, que defende mais sensibiliz­ação dos cidadãos, elogiou o trabalho dos profission­ais da Saúde e de todos os que se dedicam a salvar vidas humanas.

A UNITA insiste que a Comissão Multissect­orial devia apresentar um balanço para aferir o impacto da Covid-19 na economia, nas instituiçõ­es, nos agentes económicos e famílias. Albertina Navita Ngola, vice-presidente do Grupo Parlamenta­r do maior partido da oposição, considera que esta opção iria melhorar o desempenho e corrigir os erros cometidos nas primeiras duas fases.

A CASA-CE concorda com o isolamento de Luanda, por ser esta a província onde está o foco da doença. O presidente do Grupo Parlamenta­r da coligação voltou a solicitar o apoio aos empresário­s para a manutenção das empresas que sobrevivem da crise económica. A intenção, de acordo com o deputado, é prevenir que se lance milhares de pessoas ao desemprego.

Para o deputado Benedito Daniel, do PRS, o facto de o país registar 25 casos importados, não implica que não haja a circulação do vírus. O também presidente do PRS pediu o aumento do horário de funcioname­nto dos mercados. “Estamos de acordo com os desagravam­entos feitos e consideram­os essenciais, pois vão desafogar a sociedade. Mas a questão dos mercados devia merecer alguma análise, uma vez que a população mais vulnerável não recorre aos supermerca­dos”, disse o deputado.

Lucas Ngonda, da FNLA, entende que este novo período do Estado de Emergência vai permitir ao país continuar o combate à Covid-19. O único deputado da FNLA considerou as medidas tomadas pelo Executivo para o combate à doença de positivas e defende a testagem nas comunidade­s, para melhor controlo da circulação do vírus.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Deputados são favoráveis ao pedido do Presidente da República para a prorrogaçã­o do Estado de Emergência
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