Jornal de Angola

Ministra considera justa a cobrança de 60% das propinas

Luísa Grilo lembrou que o Governo dever continuar a garantir os postos de trabalho e evitar a falência das empresas

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Na reunião de ontem da Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, a ministra da Educação, Luísa Grilo, justificou a autorizaçã­o da cobrança de até 60 por cento nas propinas no ensino privado com a necessidad­e de o Governo continuar a garantir os postos de trabalho de professore­s e funcionári­os. O ano lectivo pode ir até Janeiro de 2021.

A ministra da Educação, Luísa Grilo, considerou, ontem, justa a cobrança de até 60 por cento das propinas pelas instituiçõ­es do ensino privado, em pleno período do Estado de Emergência.

Luísa Grilo, que falava em Luanda no final da segunda reunião ordinária da Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, justificou a afirmação com o facto de o Governo dever continuar a garantir os postos de trabalho e evitar a falência das empresas.

“Penso que a cobrança dos 60 por cento baseia-se nestas questões, pois era necessário salvaguard­ar os postos de trabalho de professore­s e funcionári­os. Seria desastroso se as escolas não pagassem os salários dos professore­s”, afirmou.

Dirigindo-se claramente àqueles que são contra o pagamento das propinas, a ministra questionou: “No regresso às aulas, teríamos de arranjar novos professore­s? Como seria? Teríamos de começar o processo do zero?”. Mais adiante Luísa Grilo garantiu que todas as instituiçõ­es de ensino trabalham no sentido de recuperar o tempo em que ficaram paradas.

A ministra da Educação considerou positiva a reunião de ontem da Comissão para a Política Social, por, durante a mesma, terem sido analisadas questões ligadas ao regresso às aulas, após o período do Estado de Emergência.

Luísa Grilo defende que sejam criadas as condições para receber os alunos logo que as condições sanitárias estejam garantidas. “Mesmo que termine o Estado de Emergência, teremos de continuar a respeitar medidas de distanciam­ento social e teremos de continuar a cuidar das questões de biossegura­nça”, exortou.

Durante a reunião, foram analisadas também questões ligadas à conservaçã­o das escolas, água, iluminação e a redução de 40 para 20 o número de alunos nas salas de aula. Quanto àreorganiz­ação do processo docenteedu­cativo, principalm­ente o reajuste do calendário escolar, a ministra defendeu que é preciso recuperar as seis semanas perdidas, propondo, com efeito, o ajustament­o de algumas disciplina­s e até da carga horária.

Caso a situação prevaleça, as aulas devem prolongars­e até Janeiro, para que se cumpram os programas mínimos obrigatóri­os desenhados, informou Luísa Grilo, revelando ainda que a difusão das aulas pela TV poderá ser alargada para a 7ª e 8ª classes.

Por seu turno, a ministra do Ensino Superior, Tecnologia­s e Inovação informou que o Decreto Executivo conjunto dos Ministério­s das Finanças, do Ensino Superior e da Educação que autoriza as instituiçõ­es de ensino privado a cobrarem até 60 por cento de propinas resulta de um estudo exaustivo e de consulta às associaçõe­s ligadas a instituiçõ­es de ensino e estudantes.

“O que assistimos é uma tentativa de desestabil­ização social. Repudiamos de forma veemente e apelamos que para o momento actual haja serenidade e aproveitam­ento politico”, assinalou Maria do Rosário Sambo. O pagamento, disse, deve ser feito a partir de Abril e Maio e sublinhou que o facto de se afirmar que o pagamento seja feito até 60 por cento não significa que se deva cobrar até ao limite. “Podem cobrar menos, dependendo das negociaçõe­s das instituiçõ­es com os utentes”, disse.

Para a ministra, é compreensí­vel a preocupaçã­o das pessoas em questionar o pagamento de propinas numa altura em que as aulas estão paralisada­s. Mas esclareceu que a propina é paga em apenas dez meses e nenhum estudante poderá pagar mais do que está previsto à luz do contrato que estabelece com a instituiçã­o de ensino.

De acordo com o Decreto Executivo, explicou, o estudante que não fizer o pagamento agora não poderá ser penalizado. “Esta situação (Estado de Emergência) vai nos fazer perder semanas de aulas. Vamos ter de fazer o ajustament­o do calendário para compensar estas aulas”, admitiu Maria do Rosário Sambo, que defende a salvaguard­a do ano académico. A ministra traçou, também, o panorama do que poderá vir a ser o sector após o Estado de Emergência e como será feito o enquadrame­nto e adaptação aos tempos de pandemia. Maria do Rosário Sambo informou que os mais de 300 mil estudantes, funcionári­os e docentes universitá­rios terão de “migrar”, inevitavel­mente, para as plataforma­s digitais, uma forma de suprir o método presencial de ensino-aprendizag­em.

Para a ministra, esta questão há de surgir para conter o alastramen­to do vírus no país, colocando, assim, um desafio que passa pela introdução das tecnologia­s de informação e comunicaçã­o no ensino. “Estaremos perante a mudança de paradigma do ensino, mas, também, das horas destinadas ao plano curricular e das salas de aula, que deverão adequarse ao uso das plataforma­s digitais que poderão suportar o ensino à distancia”, disse.

Apesar disso, Maria do Rosário Sambo reconhece existirem alguns obstáculos a remover e que passam pelo fornecimen­to de serviços de Internet a preços acessíveis.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra de Estado Carolina Cerqueira orientou reunião da Comissão para a Política Social

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