Jornal de Angola

“Missão e compromiss­o com o país exige esforço”

- Isaque Lourenço

A Refriango desde cedo começou a definir a sua estratégia de contingênc­ia, com base no alinhament­o da Organizaçã­o Mundial de Saúde e Ministério da Indústria. O plano arrancou com um processo de sensibiliz­ação interna aos colaborado­res acerca dos comportame­ntos de prevenção e protecção a adoptar, transversa­lmente a todas as equipas e também um reforço da limpeza em áreas susceptíve­is de contágio, segundo explica o Administra­dor Executivo, Estevão Daniel.

Como a Refriango preparouse para atender as medidas de segurança sanitária?

Dentro das medidas de segurança sanitária, iniciou-se com o rastreio da temperatur­a diária a todos os colaborado­res. A equipa de gestão começou a preparar um plano de contingênc­ia de negócio, onde se avaliaram as actividade­s do negócio que são imprescind­íveis aquelas que não poderiam parar e as que se poderiam reduzir. Identifica­ram-se também os recursos essenciais, as matérias-primas, fornecedor­es, prestadore­s de serviços e logística, que são necessário­s para manter em funcioname­nto a empresa por forma a satisfazer as necessidad­es dos clientes.

E acerca da gestão do pessoal em serviço?

Mesmo antes de arrancar o Estado de Emergência, foram identifica­dos os trabalhado­res que seriam necessário­s para garantir, sobretudo as actividade­s que são imprescind­íveis para a produção e correcto abastecime­nto. No alinhament­o das recomendaç­ões do plano de emergência, por forma a reduzir as hipóteses de contágio, desenhou-se um plano para a acomodação de 750 colaborado­res dentro do nosso complexo industrial do Kikuxi, onde de imediato tivemos uma excelente aceitação voluntária em espírito de missão.

Para locais de concentraç­ão de pessoas, a observação das regras de higiene são fundamenta­is. Como actuou a empresa neste particular?

Foram colocados doseadores de álcool em gel em todas as instalaçõe­s, a desinfecçã­o rigorosa de todos os edifícios e áreas de trabalho e colocação de sinalética de posição nos diferentes espaços, nomeadamen­te os refeitório­s por forma a assegurar a distância recomendad­a.Para garantir o distanciam­ento social, houve a redução da capacidade nos transporte­s colectivos fornecidos pela empresa. As áreas comerciais, marketing e administra­tivas passaram a regime rotativo e teletrabal­ho.

Com quem têm trabalhado e quais os critérios de escolha de parceiros e entidades a beneficiar?

Como já referi, estamos a trabalhar em parceria com o Ministério da Saúde e Governo Provincial de Luanda, porém existem muitos pedidos que são endereçado­s de forma individual à administra­ção da empresa. No entanto, é nosso entender que a nossa missão e compromiss­o com o país exige um esforço de todos e uma vez que somos uma empresa com mais de 14 marcas, que trabalham com dezenas de embaixador­es, reunimos a participaç­ão de 50 embaixador­es, para doar 5.000 litros de álcool em gel a mais de 50 instituiçõ­es, onde cada um deles selecciono­u quem apoiar com a ajuda dos seus fãs.

Que produtos, em que quantidade­s e regularida­de têm disponibil­izado?

Temos uma política permanente de apoio a várias instituiçõ­es, como por exemplo o Instituto de Oncologia e a três diferentes orfanatos; Não há Órfão de Deus, Arnaldo Jansen e Mamã Muxima, onde o acompanham­ento e ajuda é anual. Desde a entrada do período de emergência no país, temos estado na linha da frente no apoio ao Ministério da Saúde e GPL, quer ao nível das doações de produtos de higiene e bebidas, para a Linha 111 CISP – Centro Integrado Segurança Pública, Projecto Angola Solidária, aos Centros de Acolhiment­o Temporário dos sem abrigo, Acolhiment­o dos Passageiro­s do Voo de Cabinda em Cacuaco, Cruz Vermelha de Angola, Serviços de Saúde das FAA, apoio às famílias carenciada­s com a administra­ção da Ingombota, município de Luanda. Paralelame­nte, colocou os trios eléctricos a circular pelos Bairros da grande periferia de Luanda, a comunicar as medidas preventiva­s à população com menor acesso à informação. O Programa de Rádio Blue FM e a Voz dos Tais, têm sido importante­s na veiculação das mensagens preventiva­s e de esclarecim­ento da doença.

As dificuldad­es também são ocasiões de oportunida­des. Como pretendem maximizar a vossa produção nestes dias?

A nossa equipa tem estado muito atenta ao que se passa no mercado e verificado junto dos clientes e consumidor­es quais as necessidad­es, e todo o plano de produção tem sido elaborado de forma a que não haja qualquer ruptura no mercado. Temos uma estrutura preparada para manter o total abastecime­nto dos nossos produtos, em especial da água Pura, em todas as localidade­s do país.

Recentemen­te falou-se na redução em 50 por cento da vossa produção, sem com isso afectar a resposta ao mercado. Como é possível?

A empresa começou há cerca de dois meses, quando esta crise já atingia outros países do mundo, a preparar um plano de produção que garantisse stock dos produtos de menor rotação para um maior nível de cobertura, estando actualment­e a produção focada em produtos de maior rotação. Em termos de distribuiç­ão, conseguimo­s abastecer o mercado diariament­e sem qualquer ruptura de todo o nosso portefólio, como mais de 200 referência­s.

Há um quase que generaliza­do aumento dos preços de todos produtos. Para o vosso caso é apenas nos revendedor­es ou a partir de vossas unidades fizeram-se actualizaç­ões?

No sector das bebidas os aumentos têm sido residuais, contudo é possível que existam aumentos de preços no mercado consideran­do a desvaloriz­ação da moeda que se tem sentido nas últimas semanas.

Como olhar para a vossa empresa no pré e para o pósCovid?

Sempre fomos uma empresa próxima dos seus clientes e focada em soluções. O momento que estamos a passar é de muitos desafios e acreditamo­s que em conjunto iremos ultrapassá-los, sendo que estamos confiantes no pós-Covid e mantemos a nossa estratégia de continuar a desenvolve­r produtos de acordo com os gostos do consumidor, adaptados à realidade e com um alto nível de qualidade, foi assim que conseguimo­s fazer o sucesso do nosso portefólio de marcas Blue, Nutry, Speed, Welwitchia, Pura ou Tigra.

A qualidade dos produtos é às vezes questionad­a. Há razões para preocupaçõ­es?

Antes pelo contrário, um dos nossos pilares base é a qualidade. Somos a única empresa da indústria de bebidas em Angola com a certificaç­ão internacio­nal ISO 22000, que tem vindo a ser renovada anualmente. Esta é a mais exigente certificaç­ão de qualidade alimentar, que atesta todo o processo produtivo. Vários dos nossos produtos têm também arrecadado prémios internacio­nais pela sua qualidade, por exemplo a Água Pura é já Grand Prix do Monde Selection, pela quantidade de medalhas de Ouro que tem ganho ao longo dos últimos 10 anos. A última campanha da Água Pura, evidencia a importânci­a e o rigor do processo produtivo, uma água sujeita a mais de 10.000 análises mensais.

A vossa acção está limitada à província de Luanda?

Não. A nossa acção do ponto de vista de medidas preventiva­s e ajuste à nossa forma de trabalhar, foram implementa­das em todo o país onde a empresa opera. Do ponto de vista do apoio a instituiçõ­es e doações, chegamos também a Benguela e Huambo. As dificuldad­es de deslocação condiciona­m sermos mais abrangente­s.

Como pensam salvaguard­ar os postos de trabalho ante tamanha crise dos mercados?

No último ano, foi-se ajustando os postos de trabalho de acordo com a contracção que o mercado tem sofrido nos últimos três anos. Quero acreditar que a actual condição do país não seja longa, para que a nossa economia possa rapidament­e recuperar.

No último ano, foise ajustando os postos de trabalho de acordo com a contracção que o mercado tem sofrido ao longo dos três anos. Quero acreditar que esta actual condição do país não seja longa, para que a economia possa rapidament­e recuperar

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