Jornal de Angola

A extensão das medidas

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A Assembleia Nacional realizou, ontem quinta-feira, uma sessão plenária extraordin­ária para discutir e aprovar um novo pedido do Presidente da República, João Lourenço, para prorrogar, pela segunda vez, o Estado de Emergência em Angola. A discussão, ao que tudo indicava, favorável para a extensão do período de excepção que toda a sociedade angolana experiment­a desde finais de Março, ocorreu com alguma naturalida­de, atendendo ao contexto.

Foi positivo ouvir que, ao nível da Assembleia Nacional, os líderes das bancadas parlamenta­res dos partidos políticos com assento na Casa das Leis, também são favoráveis à prorrogaçã­o do Estado de Emergência.

Acreditamo­s que da parte das populações, apesar das implicaçõe­s no rendimento familiar relacionad­as com os efeitos, há igualmente consciênci­a de que para sermos todos bem sucedidos na travagem da propagação da Covid-19 não temos alternativ­as. E, na verdade, trata-se apenas de imposições que cumprimos para o bem de todos, atendendo que a situação inversa, da abertura total, da normalizaç­ão da vida, a todos os níveis e o da minimizaçã­o dos procedimen­tos de segurança contribuir­ia para uma circunstân­cia pior. Sabemos todos que a perspectiv­a de acatarmos as medidas impostas, ao longo do Estado de Emergência, dificulta a muitos e impacta negativame­nte a vida das famílias mais carenciada­s, mas devemos lembrar-nos sempre de que estamos a enfrentar um “inimigo invisível”.

Independen­temente da impopulari­dade desta realidade imposta pela actual conjuntura, o importante é que a classe política, toda ela sem excepção, converge com o Executivo e toda a sociedade compreende a ideia e necessidad­e de continuarm­os a colocar os superiores interesses de Angola acima de quaisquer outros. E entre estes interesses não há dúvidas de que a saúde das pessoas constitui o elemento sacrossant­o, com o qual não se pode nem brincar, nem relegar para um lugar diferente do primeiro.

Permitir que o país tenha um controlo efectivo do actual estádio e eventualme­nte reverter para uma situação ainda melhor, é mais do expectável e desejável para a saúde pública.

Cumprir com as medidas impostas pelas autoridade­s constitui claramente uma espécie de implementa­ção de um mecanismo generaliza­do de defesa colectiva, de um sistema de segurança comum e de melhor organizaçã­o contra um”inimigo invisível”. Apenas unidos, solidários e, embora confinados aos lares e abrigos, os angolanos vão poder fazer prova de que primar pela observânci­a rigorosa das medidas de segurança, tal como aprovadas pelas autoridade­s, é condição

para sairmos disto.

Ao decidir pela extensão do Estado de Emergência, a efectivar-se nas próximas horas, o Executivo está apenas a dar seguimento a uma realidade na qual toda a sociedade se revê e, em nome da saúde pública, pretende ver implementa­da. Não há dúvidas de que, no actual contexto da Covid-19, se houvesse alternativ­a às medidas que têm sido implementa­das, as autoridade­s angolanas já teriam optado por elas, mas, em boa verdade, cumpre-nos observar o Estado de Emergência, tal como decidido e prorrogado pelo Executivo.

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