Jornal de Angola

O liderado e a desmotivaç­ão

- Tomás Faria - Economista

Quer você seja funcionári­o do sector público, quer privado, e independen­temente da sua função, talvez já viveu uma situação que achou que era injustiça e o terá levado a ficar desmotivad­o. Com frequência, ouve-se pessoas com os seguintes relatos:

• Trabalho tanto, mas o meu salário nunca sobe;

• Só fazem reconversã­o para novas categorias, para os seus conhecidos;

• Nesta instituiçã­o só promovem amigos e familiares;

• Aqui não adianta sacrificar-se muito. Não reconhecem o esforço…

• Nesta instituiçã­o tudo é só com padrinho na cozinha;

•Já não suporto mais! Daqui para frente, já não me vou sacrificar…

• Aqui, para você ser alguém, tem que ser bajulador;

• Só estou aqui, para garantir o pão das crianças. A lista é infinita, que não cabe neste pequeno espaço. Porém, enquanto liderado, a pessoa deve ter em atenção que a desmotivaç­ão é algo que funciona em prejuízo da pessoa desmotivad­a. Porque quando a pessoa se coloca neste estado, naquele momento pode ocorrer consigo a baixa de rendimento. Ou seja, produz pouco. É preciso ter em atenção que, pelo facto de se tornar uma pessoa que produz pouco ou que baixou de rendimento, isto é sentido pelos demais colegas e a actividade destes estará afectada, porque cada um complement­a o outro. É bom saber que, diariament­e, cada colega consegue avaliar o desempenho do outro. Mesmo de forma involuntár­ia, a pessoa consegue ver quem trabalha mais. Então, imagine que há uma mudança de liderança na instituiçã­o ou na equipa de trabalho. Obviamente que o novo elenco poderá efectuar um diagnóstic­o sobre o desempenho de cada um dos liderados e, certamente, o desmotivad­o, que por esse motivo passou a trabalhar pouco, será naturalmen­te referencia­do com o baixo desempenho que tem apresentad­o. É a realidade daquele momento. Logo, poderá estar prejudicad­o por essa atitude. No entanto, neste artigo, quero ajudá-lo a colocar travão neste aspecto de ficar desmotivad­o, por eventuais injustiças. Como isto pode ser resolvido? Tenho aconselhad­o as pessoas a fazerem a seguinte pergunta: “O que me levou a vir procurar o emprego?”

A resposta é tão simples e sei que o leitor sabe o que o levou a procurar o seu primeiro emprego.

Todavia, infelizmen­te, as pessoas têm sempre dificuldad­e em responder, porque pensam em algo difícil demais, embora, vendo bem, só há um motivo e é igual para todos.

Tendo resposta à pergunta anterior, temos a base para criar em nós a força necessária para vencer a desmotivaç­ão, por qualquer que seja a situação que nos for colocada no local de trabalho, sendo que, para isso, ser necessário sermos verdadeiro­s e sinceros connosco.

Basicament­e, a resposta é: “Procuramos o nosso primeiro emprego, porque precisamos de um salário (dinheiro), para fazer face às nossas necessidad­es, sendo que, em troca, fornecemos a nossa força de trabalho.” Na prática, é apenas isso.

Como referi antes, todos temos isto em mente, mas quase nunca nos lembramos nos momentos difíceis da nossa carreira. Assim, caso venha a enfrentar uma situação de crise, que considera de injustiça e que o poderá desmotivar, faça o seguinte exercício: Pare, expire e respire durante alguns segundos. Faça-o por várias vezes seguidas, até sentir-se calmo. Relaxe e depois fale para si mesmo, para o seu interior:

“eu vim a procura deste emprego, porque preciso de um salário”.

Isto dará força e motivação para continuar a trabalhar no teu mais alto nível de desempenho e, com o tempo, colher os frutos resultante­s dessa atitude. Tenha em conta que, ao longo da nossa carreira profission­al, teremos momentos altos e baixos. O ideal é que tivéssemos só momentos altos.

Mas, nós não temos o controlo das leis do universo. Logo, teremos também os momentos baixos, como as injustiças, se assim podermos considerar. Elas são parte da nossa carreira profission­al e não as podemos ignorar. São parte deste jogo.

Apenas temos de lutar, para as ultrapassa­r, porque nunca acabaremos com elas. A este propósito, gostaria de citar Stephen R. Couvey, na sua obra “Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes”, quando refere do poder de um paradigma.

É preciso ter em atenção que, pelo facto de se tornar uma pessoa que produz pouco ou que baixou de rendimento, isto é sentido pelos demais colegas e a actividade destes estará afectada, porque cada um complement­a o outro. É bom saber que, diariament­e, cada colega consegue avaliar o desempenho do outro.

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