Kwanza está menos vulnerável a crises
A depreciação do kwanza deverá ser menos pronunciada, este ano, em relação a 2018 e ao segundo semestre do ano passado, apesar da pressão da pandemia Covid-19 sobre as moedas africanas, admitiu ontem a consultora Fitch Solutions.
Analistas daquela consultora lembram que em 2018, depois de o Governo ter abandonado o valor de referência de 167 kwanzas por dólar, no âmbito das reformas económicas para atrair investimento externo, a moeda nacional sofreu até ao momento uma queda doe 52,4 por cento.
Este ano, advertem, no entanto, os mesmos analistas, na sequência da queda de 14,4 por cento do valor do kwanza face ao dólar já registada, “a queda deve continuar devido à reduzida entrada de dólares num contexto de preços baixos do petróleo, o que vai pesar ainda mais na taxa de câmbio do kwanza e no volume de reservas estrangeiras”.
“Antevemos que o kwanza caia 31,2 por cento durante este ano, para uma média de 530,4 kwanzas por dólar, com o Banco Nacional (BNA) a tentar aliviar o ritmo da depreciação”, notam os analistas.
Contudo, eles chamam atenção para os efeitos desta queda no peso da dívida.
“Um kwanza depreciado vai tornar o pagamento da dívida pública externa, que estimamos ter ficado nos 47,4 por cento do PIB em 2019, mais caro para o Governo, o que vai incentivar o Banco Nacional de Angola a limitar a depreciação da moeda durante este ano”, concluem.
No Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano que, ao que tudo indica, deverá ser revisto, a taxa de inflação média prevista é de 25 por cento. O plano financeiro foi elaborado com base em previsões que apontavam o preço médio do barril de petróleo em 55 dólares e uma produção média diária de 1.436,9 mil barris. Numa nota citada pela agência Lusa, a consultora Fitch Solutions afirma que a pandemia da covid-19 vai pressionar as moedas africanas.