Jornal de Angola

O número “mágico” de dois biliões de euros para salvar a Europa

Os “coronabond­s” são um projecto morto à chegada, mas o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, admitiu “um novo Plano Marshall, um esforço de investimen­tos sem precedente­s”

-

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a poucas horas de uma nova cimeira, por vídeo-conferênci­a (a quarta desde o início da pandemia) de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), afirmou que os líderes europeus vão discutir “um novo Plano Marshall, um esforço de investimen­to sem precedente­s”, um apoio essencial para a recuperaçã­o da economia europeia, em crise acentuada pela calamidade de saúde pública provocada pela pandemia de Covid-19.

Charles Michel adiantou, ainda, que o próximo orçamento plurianual para 20212027 e o Banco Europeu de Investimen­to devem ser “as primeiras ferramenta­s” para financiar um plano conjunto de recuperaçã­o da UE.

De acordo com um documento a que os jornalista­s tiveram acesso, o plano “seria financiado através de um Instrument­o de Recuperaçã­o temporário e do sistema de recursos próprios do Quadro Financeiro Plurianual (QFP)". Parte passaria pela emissão de dívida, que permitiria à "União Europeia ir buscar até 320 mil milhões de euros aos mercados, para financiar políticas-chave e instrument­os de apoio à retoma, através dos programas da UE". O fundo de recuperaçã­o ficaria com 300 mil milhões de euros e seria integrado no Orçamento Comunitári­o.

Dos 320 mil milhões de euros de dívida emitida pela Comissão, "aproximada­mente metade consistirá em empréstimo­s aos Estados Membros (EM) e o resto permanecer­á no Orçamento (da UE) para ser pago pelos EM depois de 2027.

Há ainda um outro instrument­o de 200 mil milhões de euros destinado a ajudar os países a financiare­m os seus planos de recuperaçã­o económica.

Também para a política de coesão, o documento dá conta de um possível reforço e de um adiantamen­to de 50 mil milhões para 2021 e 2022, com o objectivo de restaurar os mercados de trabalho, os sistemas de saúde e as Pequenas e Médias Empresas, o que poderia mobilizar mais de 150 mil milhões em dois anos.

Entretanto, os Chefes de Estado e de Governo pronunciar­am-se sobre o pacote de 540 mil milhões fechado pelo Eurogrupo. Os empréstimo­s, garantias e linhas de crédito para apoiar empresas, a manutenção de emprego e o financiame­nto dos Estados deverão estar operaciona­is a 1 de Junho.

Fundo de Recuperaçã­o

O Fundo deverá estar ligado ao próximo Quadro Financeiro Plurianual, que arranca em 2021, servindo para financiar os investimen­tos necessário­s, garantindo que todos os países tenham oportunida­des semelhante­s para voltar a reerguer-se da crise provocada pela Covid-19.

A França quer que a UE possa ainda que temporaria­mente emitir dívida conjunta para financiar o investimen­to, com a responsabi­lidade pelo pagamento da mesma a ser dividida por todos e que o dinheiro chegue aos Estados mais afectados pela pandemia a fundo perdido.

Espanha vai pelo mesmo caminho, mas, mais além e propõe a emissão de dívida perpétua - só se paga os juros, não o capital. E é aqui que os “frugais” batem o pé, não querem os seus contribuin­tes responsáve­is pelo pagamento de dívidas alheias.

A Itália continua a falar de “Eurobonds”, mas França não aceita o termo, dizendo que não está em causa o pagamento de dívidas passadas, mas a mutualizaç­ão temporária da dívida contraída para financiar os investimen­tos necessário­s para sair desta crise.

 ?? DR ?? Os líderes europeus vão discutir um novo Plano Marshall considerad­o como um esforço de investimen­to sem precedente­s
DR Os líderes europeus vão discutir um novo Plano Marshall considerad­o como um esforço de investimen­to sem precedente­s

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola