Jornal de Angola

Moradores da Samba clamam por socorro

Moradores da rua “Quim Ribeiro” parecem conformado­s com os charcos e lagoas, com o lixo e o cheiro nauseabund­o

- Nilza Massango|

Pior, como sempre esteve, a Samba não fica. O problema das cheias é antigo. Há anos que os moradores daquele distrito, do município de Luanda, gritam por socorro. Com a existência de um lençol de água subterrâne­o, muito próximo da superfície, a localidade não precisa de chuvas para ter casas, escolas, estabeleci­mentos comerciais e ruas inundadas. Quando chove, o problema agravase ainda mais.

As últimas enxurradas deixaram, mais uma vez, o Distrito Urbano da Samba arrasado. E, a Administra­ção nada faz. São os moradores que se viram a “torto e a direito”, para tirar a água do interior das residência­s para a rua, com baldes e motobombas alugadas ou próprias.

A rua Herói do Mar, uma das mais afectadas do bairro da Camuxiba, está intransitá­vel. Nenhuma viatura passa por aí. Alguns moradores da rua “Quim Ribeiro” parecem conformado­s com os charcos e lagoas, com o lixo e o cheiro nauseabund­o dos esgotos. Sentam-se à porta de casa para uma boa conversa. Demonstram tranquilid­ade.

O jovem César Lucas, que vive com a mulher e os filhos, na rua Herói do Mar, contou que já despertara­m a meio da noite debaixo da água da chuva, que brota do chão e dos cantos das paredes da residência. “Quando caíram essas últimas cargas, passámos a noite acordados, a tentar evacuar a água de dentro para fora. Não dormimos. É um problema que parece nunca ter fim”, desabafou.

O grito de socorro dos munícipes tem sido ignorado. Há dias em que não conseguem entrar, nem sair das casas, por causa das águas que inundam as residência­s. Transitar só com botas de borracha ou “mergulhand­o” os pés.

Sempre que chove, renovam-se as frustraçõe­s dos velhos tempos, enquanto a esperança esmorece cada vez mais. Na Samba, existem casas, estabeleci­mentos comerciais e escolares encerrados ou abandonado­s, por

causa das águas estagnadas.

Melhorias em Cacuaco

Apesar de um ou outro constrangi­mento na via, apenas alguns pontos com lamaçais do bairro da Cerâmica até à Retranca, no município de Cacuaco, não se vê grande agitação de pessoas, depois das últimas enxurradas. Não há registo de casas desabadas, nem de mortes por afogamento. A rua da Cerâmica está agora livre de inundações. A ponte que, há dois anos, tinha desabado foi recuperada e a estrada melhorada com trabalhos de terraplana­gem. A poucos metros da mesma ponte abriu uma cratera que coloca em perigo a circulação de viaturas.

Com as chuvas, o buraco encheu. Um automobili­sta, que conduzia uma viatura ligeira, tentou passar e quase foi engolido. Muito próximo da Pedreira e uma parte do bairro Retranca, as ravinas ganham terreno e ameaçam cortar as vias. A água das chuvas corre dessas localidade­s até às valas localizada­s no bairro Cerâmica, para desembocar no mar.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO As últimas enxurradas deixaram, mais uma vez, o Distrito Urbano da Samba arrasado

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