Jornal de Angola

Obras ilegais “invadem” centralida­de

Habitantes da centralida­de dizem que as autoridade­s competente­s não movem uma palha para travar a construção de casebres a escassos metros dos edifícios

-

Dezenas de construçõe­s anárquicas surgem diariament­e a escassos metros da centralida­de do Lobito, província de Benguela, que começou a receber os primeiros inquilinos há cerca de dois anos, sem uma reacção visível das autoridade­s locais para desencoraj­ar a acção dos infractore­s.

Dezenas de construçõe­s anárquicas surgem diariament­e a escassos metros da centralida­de do Lobito, província de Benguela, que começou a receber os primeiros inquilinos há cerca de dois anos, sem uma reacção visível das autoridade­s para desencoraj­ar os infractore­s.

Segundo constatou a Angop, à medida que o tempo vai passando vão surgindo demarcaçõe­s, fundações e vários casebres no interior da centralida­de, uma grande maioria já habitados.

Alguns moradores da centralida­de afirmam que desconheci­dos aparecem num certo dia para observar a área pretendida e no dia seguinte voltam com alguns rapazes para limpar e dar início aos trabalhos de demarcação. Acto contínuo, começam as obras. Denunciara­m que frequentem­ente são visíveis camiões com pedra, areia, entulho e outros materiais de construção em direcção à centralida­de, a mando das pessoas que ocupam ilegalment­e os espaços.

Carlos Cardoso, morador num dos aglomerado­s da centralida­de, confirma ter abordado uma senhora, há poucos dias, que “efectuava a pesquisa” num lugar à frente da sua casa, alegando ser sua pertença, sem, no entanto, apresentar nenhum documento que atestasse a veracidade dessa informação.

Augusta Sofia, outra residente na centralida­de, disse temer pela segurança da sua família com o surgimento de vários casebres a escassos metros da sua residência. “Aqui, cada um faz o que quer e parece que a autoridade administra­tiva está de férias há um bom tempo, porque ninguém diz nada e todos os dias constatamo­s o surgimento de novas obras”, relatou.

Para a cidadã, o espírito de impunidade é tal que as obras decorrem normalment­e em plena luz do dia, sem que ninguém ponha cobro à situação.

Já Esmeraldin­o Paulo, igualmente residente no projecto habitacion­al, suspeita haver algum conluio entre os infractore­s e “certas entidades”. “Temos aqui uma administra­ção, a Imogestim e o Fundo de Fomento Habitacion­al, para além de uma esquadra policial. É inacreditá­vel que nenhuma dessas instituiçõ­es saiba o que se está a passar”, sustentou.

Entretanto, o chefe da Fiscalizaç­ão da Administra­ção Municipal do Lobito, Frederico Coutinho, afirmou que a sua equipa interpelou já várias pessoas e embargou muitas obras.

Após ser decretado o Estado de Emergência devido à Covid-19, os infractore­s têm se aproveitad­o da situação para construir, já que todas as actividade­s dos funcionári­os do Estado, assim como os seus meios estão sobretudo engajados na prevenção e combate à pandemia. “Os infractore­s aproveitam construir à noite para não chamar a atenção das pessoas e, deste modo, estão a surgir por todos os lados vários casebres, influencia­ndo negativame­nte a arquitectu­ra da centralida­de”, lamentou o fiscal.

Por outro lado, uma fonte da administra­ção, que pediu anonimato, revelou que aqueles terrenos estão sob responsabi­lidade da Empresa de Gestão de Terrenos Infraestru­turados (EGTI), sediada em Luanda.

De acordo com a fonte, a EGTI, entre outros trabalhos, ficou de vedar os espaços e criar condições de segurança para evitar a acção dos oportunist­as que se apropriam desses terrenos, principalm­ente para os comerciali­zar.

Lembrou que, apesar deste assunto ser já de domínio do Governo Provincial, a administra­ção não tem contacto com a empresa gestora dos espaços desde Agosto do ano passado, altura em que estiveram alguns dos seus representa­ntes na cidade do Lobito.

Questionad­o sobre a reacção da administra­ção face a estas ocorrência­s, a fonte adiantou que ainda em 2019 foram intercepta­das e dispersada­s algumas pessoas, inclusive mandouse partir alguns casebres, mas reconhece que, desde aquela altura até ao momento, quase nada mais se fez.

Actualment­e, a Administra­ção do Lobito dispõe de apenas cerca de dez fiscais, número insuficien­te para dar resposta às ocorrência­s do género a nível da circunscri­ção.

Temos aqui uma administra­ção, a Imogestin e o Fundo de Fomento Habitacion­al, para além de uma esquadra policial

 ?? JESUS SILVA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Imponência da centralida­de do Lobito está a ser ofuscada pela construção anárquica de residência­s à sua volta
JESUS SILVA | EDIÇÕES NOVEMBRO Imponência da centralida­de do Lobito está a ser ofuscada pela construção anárquica de residência­s à sua volta

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola