Pandemia cria oportunidade para redesenhar economia
O presidente do banco africano Ecobank disse, ontem, que a pandemia da Covid19 é uma crise de saúde e não financeira, e pode ser uma boa oportunidade para redesenhar a economia africana.
“A recuperação rápida das nossas economias depende das escolhas políticas que fizermos, porque esta é uma crise sanitária e não financeira, e para os países africanos é uma oportunidade de fazer as escolhas correctas e redesenhar a estrutura da economia africana”, disse Ade Ayeyemi.Em entrevista à Lusa a partir de Lomé, a capital do Togo, o banqueiro explicou que a adopção da tecnologia que começou em África na última década é um bom exemplo das mudanças que precisam de ser feitas. “Agora podemos acelerar a adopção de tecnologia, a pandemia e as medidas de isolamento serão um grande acelerador”. Para Ade Ayeyemi, a crise provocada pela pandemia veio também mostrar a necessidade de investir em cuidados de saúde que possam ser disponibilizados a quem mais precisa e não apenas às elites africanas.
“Esta crise mostrou à elite que podem ter passaportes, podem ter bilhetes de avião, mas estes não voam e os outros países não os recebem, é preciso investir em infraestruturas que estejam próximas dos pontos de necessidade dos cidadãos”, defendeu. Questionado sobre se os países africanos estão a organizar-se bem na resposta à pandemia, nomeadamente com a dificuldade em implementar medidas de confinamento que prejudiquem o rendimento dos cidadãos, Ayeyemi respondeu: "Alguns são mais organizados que outros, uns começaram mais cedo, mas todos chegaram ao mesmo resultado e todos estão a implementar essas medidas. A organização é melhor do que dantes, mas ainda não tanto como eu gostaria”.
Na opinião do presidente do Ecobank, um banco africano presente em 36 países no continente, a crise vai mudar a maneira não só de fazer negócios, mas também de interacção entre as pessoas. “A adopção da tecnologia será determinante. Para esta entrevista nós teríamos de concordar onde nos encontraríamos, ou nos Encontros Anuais do FMI/Banco Mundial, ou num fórum para investidores em Londres, mas agora descobrimos que podemos fazer uma reunião sem realmente viajar, por isso, também, podemos ter interacções com clientes e fornecedores, haverá um novo modelo de negócio e uma nova maneira de o mundo se relacionar com a tecnologia”, concluiu Ade Ayeyemi.