Crianças são a nova ameaça
A morte de três crianças em Nova Iorque parece confirmar a relação entre a doença de Kawasaki e o novo coronavírus. E as crianças passam a ser vistas como um novo foco de disseminação da doença.
Andrew Cuomo, o governador de Nova Iorque, confirmou recentemente a morte de três crianças com complicações inflamatórias possivelmente relacionadas com o novo coronavírus, e alertou para o que designou por “um capítulo totalmente diferente” da doença, uma vez que até agora se acreditava que a Covid19 afectaria as crianças com uma sintomatologia mais leve.
O governador reportou a morte deum rapaz de cinco anos, no seu habitual briefingdiário, no passado sábado, dia 9 de Maio (a morte da criança terá ocorrido no dia anterior).À morte deste rapaz junta-se a de uma menina de sete anos e de um adolescente, “e isto é novo, e isto está a desenvolver-se”, admitiu Cuomo, para acrescentar “é a última coisa que precisamos, com tudo o que se passa, com toda esta ansiedade, é que os pais tenham de se preocupar se as suas crianças estão ou não infectadas”.
As autoridades de saúde do estado de Nova Iorque admitiram, entretanto, que há relatos de cerca de 70 casos de crianças gravemente doentes com uma reacção tóxica em muito semelhante à chamada doença de Kawasaki. As crianças não apresentam os habituais sintomas respiratórias que se associam à Covid-19, mas quando chegam ao hospital dão positivas tanto para o vírus como para os anti-corpos.
A doença de Kawasaki, que afecta principalmente crianças com menos de cinco ou seis anos, traz uma espécie de sobrecarga ao sistema imunológico, causando febre prolongada, diarreias graves, erupções cutâneas e conjuntivite. Em casos mais graves, pode inflamar as paredes das artériasafectando o fluxo sanguíneo para o coração e é potencialmente fatal.
Mas não é só em Nova Iorque
que se registam estes casos, a NBC News diz que há registos de casos de crianças com esta síndrome, e associada à Covid-19, no resto dos Estados Unidos. No Reino Unido, um rapaz de 14 anos morreu também devido a esta ‘nova’ doença, e há vários casos na Europa,detalhados num relatório divulgado a 6 de Maio pela TheLancet, e, entre eles, afro-caribenhos descendentes.
Jane Newburger, directora do programa da doença Kawasaki do hospital infantil de Boston, através de um comunicado da AmericanHeartAssociation, enviou a mensagem possível, tentando tranquilizar os pais. “Queremos tranquilizar os pais, isto pare incomum”, disse, e prosseguiu “embora a doença de Kawasaki possa danificar o coração ou a artérias, os problemas cardíacos geralmente desaparecerem ao fim de cinco ou seis semanas, e a maioria das crianças recupera totalmente”, acrescentando que é uma doença mais comum em crianças de países desenvolvidos e quando tratada imediatamente evita sequelas cardíacas.
Mesmo com a comunidade médica e científica prudente quanto a relacionar directamente este acentuar de casos da doença de Kazakasi à Covid-19, não deixa, contudo, de o fazer, avançando mesmo para um outro patamar: as crianças com Covid-19 ameaçam a recuperação da economia e são um factor de risco na contenção da pandemia.
Mesmo que as infecções em menores de 18 anos constituam uma pequena parte do todo mundial, a verdade é que nos últimos dias se tornaram objecto de estudo do NationalInstitutesofHealth, dos Estados Unidos, depois de relatos de crianças infectadas nos EUA, Reino Unido e Europa.