Bovinos do Chade com poucas perdas
No total dos três lotes, de cada 1.165 cabeças de gado bovino, provenientes do Chade para Angola, as perdas por morte de animais estimam-se em menos de três por cento, seja em terra ou ainda no mar, durante a transportação dos animais que é feita num tempo médio de cinco dias.
Tratando-se de um país encravado (que não se liga ao mar), o percurso do Chade aos Camarões, onde são embarcados, faz o gado percorrer antes uma distância de cerca de 500 quilómetros por terra(aproximadamente a distância de Luanda ao Lobito pelo Sul ou Mbanza Kongo para o Norte). Esta situação provoca um desgaste e além de debilitar a saúde do animal que pode levar à sua morte, obriga a uma necessária e cuidada intervenção sanitária para a sua plena recuperação e conservação.
Ao que o Jornal de Angola apurou, no centro de quarentena, das 3.500 cabeças de gado de diferentes raças já no país, menos de 10 animais morreram (0,03%).
Este resultado, que não pode ser ignorado até pela repercussão que se espera daqui a 10 anos, mostra a operacionalidade da acção veterinária e seus técnicos.
Todavia, como qualquer outro ser vivo, quanto mais não seja pelo seu valor nutricional e de criação de riqueza, os bois que o Chade está a mandar são vistos como o início do regresso em força dos ganadeiros (criadores de gado).
O criador Zé Manel (apelido), com pastos na zona de Kelele, município de Porto Amboím, no Cuanza-Sul, disse que era expectável existir muito mais mortes, pois que a adaptação do gado com o clima e tipo de pasto de países diferentes interfere, grandemente, na sua saúde.
No projecto do Governo de adquirir em média 13,5 mil bovinos/ano, a perspectiva poderá ser de os animais gerarem outras cinco a seis mil crias a partir de 2021 ou o mais tardar 2022
Explicou que no seu caso particular, num ano, das 10 cabeças de boi holandês que comprou, morreram oito.
Lembra que uma vaca reproduz todos os anos, o que pode, no projecto do Governo de adquirir em média 13,5 mil bovinos (machos e fêmeas) ao ano, a perspectiva ser de os animais gerarem cinco a seis mil crias a partir de 2021 ou o mais tardar em 2022.
As diferentes raças de gado pelo país têm preços que variam entre 70 a 250 mil kwanzas.
Em Luanda, o matadouro do Songo, no bairro da Bela Vista, distrito Urbano do Morro dos Veados, município de Belas, é uma das principais bolsas de compra e venda de bovinos. Os mercados do Km 30, em Viana, e a zona da Funda, em Cacuaco, são outros espaços onde criadores, vendedores e compradores negoceiam o custo real da cabeça de boi. Em anos idos, ter uma cabeça de boi era sinal de prestígio e de poder financeiro da família.
A região Sul é a que concentra o maior efectivo bovino do país, com mais de 3,5 milhões de animais. Esta posição faz com que se destaque na agropecuária, embora implique uma maior mobilização de recursos financeiros, humanos e de logística.