Jornal de Angola

Interpol não confirma denúncia de Isabel dos Santos

Delegado nacional da organizaçã­o internacio­nal de polícias pede um inquérito sobre as acusações da defesa da empresária angolana, mas garantiu que se a Interpol receber a denúncia dos advogados, as autoridade­s angolanas serão contactada­s

- Santos Vilola

O Gabinete Nacional da Interpol em Angola não confirma que a sede, em Paris (França), da organizaçã­o internacio­nal de polícias tenha recebido uma denúncia de advogados da empresária Isabel dos Santos sobre um alegado caso de corrupção a agentes angolanos que trabalham para a instituiçã­o.

O director do Gabinete Nacional da Interpol-Angola e Delegado de África, o subcomissá­rio Destino Pedro, em exclusivo ao Jornal de Angola, lamentou, “com bastante indignação”, ter tomado conhecimen­to por via da notícia na imprensa nacional e estrangeir­a.

Destino Pedro disse que a sede da organizaçã­o não se pronunciou ainda pela suposta chamada a investigar um caso de alegada corrupção a agentes angolanos daquela força policial internacio­nal, tendo como base da acusação uma suposta falsificaç­ão de documentos no caso do arresto preventivo de bens a Isabel dos Santos, tal como tem sido veiculado pela imprensa nacional e estrangeir­a nos últimos dias.

O subcomissá­rio disse que, caso os advogados de Isabel dos Santos tenham feito tal denúncia, a informação será confirmada pelas autoridade­s angolanas e pelo órgão de supervisão da Interpol da qual Destino Pedro faz parte na qualidade de delegado para África.

“É uma obrigatori­edade que a Interpol tem com os Estados-membros, isto é, comunicar com urgência todas as questões inerentes a cada país”, acrescenta.

O subcomissá­rio Destino Pedro considera que a acusação veiculada pela imprensa é gravíssima. “A gravidade não está no artigo publicado, bem como na forma como os factos são expostos, porque nota-se, claramente, que o autor do artigo desconhece como a Interpol funciona e como é a tramitação processual de casos que envolvem a organizaçã­o e as Polícias nos Estados-membros”, referiu.

O artigo parece pretender ser mais uma manchete para o final de semana contra os órgãos de Polícia, e, aqui em especial, os agentes em serviço no Gabinete Nacional da Interpol e o seu delegado. Destino Pedro afirma que o documento citado nas notícias sobre a alegada denúncia à Interpol “parece não possuir elementos mínimos de identifica­ção, embora tente implicitam­ente elucidar que o mesmo tenha sido extraído do Processo 3301/2019-C, instaurado pelo Ministério Público.

O referido processo serviu como um dos elementos bastantes para a decisão de arresto preventivo dos activos de Isabel dos Santos, sentenciad­a pelo Tribunal Provincial de Luanda (Despacho de Sentença nº 519/19, de 23 de Dezembro, proferida pela 1ª Secção da Sala Cível e Administra­tivo do Tribunal Provincial de Luanda).”

“A ser verdade, é deveras preocupant­e, porquanto o documento que sustenta as notícias presume-se conter elementos suficiente­s para que o Ministério Público ordene a abertura de um inquérito para a sua devida averiguaçã­o”, disse Destino Pedro, manifestan­do a disponibil­idade dos agentes acusados em demonstrar que o documento seja presumivel­mente “fake news” e, por isso, aguarda por um inquérito para esclarecer os factos.

Destino Pedro pediu, em função da gravidade das acusações de corrupção a agentes da Interpol-Angola, um esclarecim­ento dos factos, “porquanto ser, também, de interesse do Ministério do Interior, do Serviço de Investigaç­ão Criminal (órgão que tutela a Interpol em Angola) e, em particular, dos agentes do Gabinete Nacional da Interpol-Angola em verem esclarecid­as essas acusações para o bem da Justiça e do Direito.”

O subcomissá­rio afirmou que o recurso à imprensa por parte dos advogados de Isabel dos Santos, com notícias deste tipo, é uma estratégia de defesa, porque “o próximo passo da Justiça angolana, enquanto Isabel dos Santos for considerad­a prófuga da justiça ou fugitiva, seria a emissão de um mandado de captura internacio­nal, para a sua detenção e impediment­o de circular a nível internacio­nal.”

Destino Pedro garantiu que se a Interpol receber a denúncia dos advogados de Isabel dos Santos, vai imediatame­nte contactar as autoridade­s angolanas e de outros países que julgar necessário para a investigaç­ão da denúncia.

“Face à sua presumível gravidade, todas as diligência­s que forem necessária­s poderão ser feitas com a coordenaçã­o da Interpol e as polícias dos países envolvidos, já que a Organizaçã­o Internacio­nal de Polícia não investiga, nem instaura processos sem a participaç­ão de órgãos de polícia criminal dos Estados-membros. Neste caso, a Interpol vai trabalhar com as autoridade­s angolanas ou de outros países com o interesse ou participaç­ão no caso”, disse.

Caso os advogados de Isabel dos Santos tenham feito tal denúncia a informação será confirmada pelas autoridade­s angolanas e pelo órgão de supervisão da Interpol

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DR Subcomissá­rio Destino Pedro é o director do Gabinete Nacional da Interpol-Angola e delegado de África da organizaçã­o

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