Jornal de Angola

Cerca sanitária apertada no Futungo e Hoji-ya-Henda

- Alberto Quiluta e João Pedro

Os moradores dos distritos urbanos do Futungo, município do Talatona, e Hojiya-Henda, no Cazenga, em Luanda, continuam a cumprir a cerca sanitária imposta pelas autoridade­s sanitárias, de modo a evitar-se a transmissã­o local da Covid-19.

No Hoji-ya-Henda é visível a presença de efectivos das Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas (FAA), que garantem a segurança e impedem a movimentaç­ão de pessoas na zona sob cerca sanitária. As ruas apresentam-se literalmen­te vazias.

Uma jovem, identifica­da apenas por Jany, moradora no Hoji-ya-Henda, dirigiuse ao limite do cordão da cerca para receber bens alimentare­s e uma Botija de gás de 12 kg, levados por um familiar. À reportagem do Jornal de Angola contou que a situação social dos moradores não é das melhores, uma vez que as famílias vivem várias dificuldad­es por estarem impossibil­itadas de circularem.

“Recebemos apenas uma única vez a cesta básica. Infelizmen­te, já não vimos nada, aqui temos famílias a viver situações graves, que nem sequer sabem o que comer hoje ou mesmo amanhã”, lamentou.

Outra moradora, que negou identifica­r-se, afirmou que as restrições na circulação está a causar dissabores aos populares que, nesta altura, não conseguem adquirir bens de primeira necessidad­e.

“Aqui ninguém entra, ninguém sai”, acentuou em tom alto a mulher, que mal recebeu uma sacola, contendo bens alimentare­s, entregues por um familiar, foi orientada a abandonar o local.

Um funcionári­o da administra­ção do Distrito Urbano do Hoji-ya-Henda, que falou sob anonimato, disse que, enquanto durar a cerca sanitária, os moradores deverão sair apenas por questões humanitári­as.

Violação da cerca sanitária

Alguns moradores das ruas da Marcovi, Nova Luz e São José, no Distrito Urbano do Hoji ya Henda, município do Cazenga, em Luanda, persistem em furar a cerca sanitária colocada para evitar a propagação da Covid-19.,

Nas primeiras horas da manhã de ontem, Ana de Jesus impedida de entrar na rua São José pelos efectivos das FAA. Na altura, explicou que havia saído há dois dias para ir ao óbito de um familiar. Imediatame­nte, foi encaminhad­a para o posto de comando para ser examinada por um médico, antes de voltar para casa.

Com autorizaçã­o das forças de defesa e segurança, Paula Manuela, outra moradora, saiu de casa para ir a busca de alimentos que um primo havia levado para a família. “Aqui ninguém entra ou sai, devido à presença dos militares e da polícia. Nós até entendemos isso, mas estamos a passar por dificuldad­es de vária ordem”, disse a jovem.

Maria da Silva, com a receita na mão, explicou que o filho estava doente e que precisava comprar medicament­os na farmácia. Um efectivo da Polícia Nacional chamou um farmacêuti­co que lhe forneceu os medicament­os prescritos. A jovem agradeceu o gesto e voltou para casa e o agente desejou melhoras ao filho.

Diante das constantes violações, efectivos das FAA continuam a pedir paciência, responsabi­lidade e colaboraçã­o os moradores. “As pessoas usam várias formas para violar a cerca sanitária, mesmo sabendo os riscos que correm. Já deviam aprender com os exemplos de outros países onde o número de mortes tem aumentado rapidament­e”, disse, sob anonimato, um efectivo das FAA.

A maioria dos moradores das referidas ruas, referiu o efectivo das FAA, dedica-se ao comércio, por isso, acrescento­u, apresentam vários argumentos para tentar voltar às suas actividade­s.

Já no Futungo, a equipa de reportagem do Jornal de Angola não teve acesso a qualquer depoimento, porque as medidas de segurança são mais regidas. Os efectivos das forças de defesa e segurança não permitem a presença de estranhos e viaturas no perímetro que separa as ruas abrangidas pela cerca sanitária.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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