Televisões ditam regras para o regresso da Liga Inglesa
Representantes dos clubes, associação de jogadores e Liga Inglesa continuam na procura de uma data para o regresso da Premier League, suspenso a 13 de Março, quando estavam decorridas 29 jornadas. As partes continuam em reuniões mas com poucos avanços. Os jogadores não se sentem seguros, as autoridades sanitárias pedem o cumprimento de várias regras de segurança e higiene. No regresso aos treinos, foram detectados seis casos de Covid-19 nos clubes.
Só recentemente as partes chegaram a acordo sobre o alargamento dos contratos dos jogadores cujos vínculos terminam a 31 de Junho. O Governo já deu 'luz verde' para o regresso da Premier League a partir de 1 de Junho, mas com jogos à porta fechada. Uma ideia que desvirtua o carácter do futebol inglês, conhecido pelos ambientes fantásticos criados e estádios cheios. Inicialmente, o projecto 'Restart', o plano idealizado pela Premier League para concluir a temporada, contemplava jogos num número reduzido de estádios, mas os clubes querem jogar nas suas casas, mesmo que não tenham adeptos nas bancadas.
Apesar dos receios dos futebolistas, a pressão para se jogar o que resta da prova é grande. E percebe-se: a Liga Inglesa quer evitar que os clubes tenham que devolver vários milhões de euros dos direitos de transmissão às emissoras. O valor, caso as 92 partidas restantes não possam ser disputadas, chegaria a 762 milhões de libras (872,5 milhões de euros).
E como a bilheteira representa apenas 13 por cento da receita dos clubes ingleses (de acordo com o último relatório sobre as finanças dos clubes da UEFA), o cálculo é fácil de fazer: é preciso concluir a temporada, mesmo sem adeptos nas bancadas. Os valores colossais dos contratos televisivos, recordistas no mundo, devem permitir aos clubes da Premier League atravessar a crise económica provocada pela pandemia sem a necessidade de vender sequer um bilhete para os jogos.
Mesmo com o regresso dos jogos à porta fechada, há perdas. De acordo com a BBC, os emblemas ingleses poderão ter de devolver mais de 380 milhões de euros em direitos televisivos quer a operadores ingleses quer aos internacionais.
Isto porque, segundo as operadoras, os jogos não irão decorrer da forma como estava prevista - com adeptos no estádio - e à hora original. As perdas na Premier League podem chegar aos 1.14 mil milhões de euros se a temporada 2019/2020 não for retomada.