Presidente da CNE apresenta demissão
A presidente da Comissão Eleitoral (CNE)do Malawi, Jane Ansah, anunciou, ontem, a demissão, a um mês das presidenciais, convocadas após a anulação da reeleição de Peter Mutharika, envolta em fraude, noticiou a Reuters. A oposição política e a sociedade civil reclamavam, há meses, o afastamento de Jane Ansah, a quem acusam de ter encoberto as irregularidades que possibilitaram a vitória do Chefe de Estado cessante. No poder desde 2014, Peter Mutharika, de 79 anos, foi reeleito à primeira volta, em Maio do ano passado, com 38,5 por cento dos votos, contra os 35,4 do líder da oposição, Lazarus Chakwera.
Os resultados foram contestados por dois candidatos da oposição, reclamando que as irregularidades afectaram mais de 1,4 milhões dos 5,1 milhões de votos expressos.
Porém, em Fevereiro deste ano, o Tribunal Constitucional surpreendeu todos ao anular a vitória de Mutharika, por motivo de fraudes, e ordenou a realização de novas eleições.
O Chefe de Estado negou as acusações de fraude e recorreu para o Supremo, que confirmou a decisão do Constitucional no início deste mês.
Em declarações à radiotelevisão nacional MBC, Jane Ansah voltou a negar ter dado cobertura a quaisquer irregularidades: “Tenho as mãos limpas, no exercício das minhas funções, não tenho esqueletos no armário”, declarou. Afirmando-se “grata”, Jane Ansah explicou que se demitiu apenas por respeito à decisão do Supremo, onde exerce a magistratura.
A sua saída acontece após o anúncio de uma nova jornada de manifestações que iriam pedir o seu afastamento para a semana.Inicialmente previstas para 2 de Julho, a repetição das eleições presidenciais deverá ser antecipada para 23 de Junho, por sugestão da Comissão Eleitoral, considerando que isso permitirá a validação dos resultados dentro do prazo. Em causa está o prazo de 150 dias decretado pelo Tribunal Constitucional para a realização das novas eleições.