Jornal de Angola

UE mantém intenção da cimeira com a UA

Ainda sem data fixa, a VI Cimeira da União Europeia com África está prevista para ser realizada em Outubro

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A União Europeia (UE) continua a trabalhar com vista à celebração da VI Cimeira com a União Africana (UA) este ano, apesar da pandemia da Covid-19, indicou à Lusa o gabinete do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

“A parceria com África é uma prioridade para o presidente Michel e nós estamos a trabalhar com vista à organizaçã­o da cimeira UE-UA este ano”, respondeu, ontem, uma fonte do gabinete do presidente do Conselho à Lusa, quando questionad­o sobre um possível adiamento da cimeira devido à pandemia da Covid-19.

Ainda sem data fixada, a VI Cimeira UE-África está apontada para Outubro, durante a presidênci­a alemã do Conselho da União Europeia, no segundo semestre do ano, e sob a presidênci­a sul-africana da União Africana, iniciada em Fevereiro.

Uma das razões para a cimeira ter lugar em 2020, e não no primeiro semestre de 2021, durante a presidênci­a portuguesa do Conselho da UE, é o facto de os primeiros meses de 2021 serem de alterações institucio­nais importante­s, com a eleição de uma nova Comissão da União Africana (a actual presidênci­a sul-africana prolonga-se por um ano, até Fevereiro do próximo ano), o que dificultar­ia os trabalhos.

No entanto, a pandemia da Covid-19 já levou, por exemplo, ao pedido de adiamento para 2021 da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que estava prevista para Setembro, mas que deverá realizar-se apenas em Julho do próximo ano, em

Luanda, e a realização da VI Cimeira UE-UA em Outubro em Bruxelas dependerá sempre da evolução da situação.

Em Dezembro de 2019, numa altura em que a cimeira já estava apontada para 2020, o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, deu conta aos seus homólogos da UE da disponibil­idade de Portugal para acolher a próxima Cimeira UE-UA no início de 2021.

Na ocasião, Santos Silva garantiu que não havia qualquer “braço de ferro” com a Alemanha, até porque a marcação da cimeira é da competênci­a do presidente do Conselho Europeu e da União Africana, e que Portugal não sentiria qualquer “dissabor” caso não acolhesse a próxima cimeira com África, mas ainda assim, recordou que a primeira cimeira teve lugar em 2000, durante uma presidênci­a portuguesa, e a segunda em solo europeu, realizou-se em 2007, em Lisboa, novamente durante a presidênci­a portuguesa.

“Basta esse registo para perceber que Portugal tem provas dadas neste domínio”, comentou, ainda que insistindo que “para Portugal é mais importante a substância da relação da Europa, com África, do que propriamen­te saber onde e quando se realiza a cimeira”.

No início de Março, a Comissão Europeia apresentou a proposta para a nova estratégia com África, baseada numa cooperação reforçada nos domínios da transição ecológica, transforma­ção digital, cresciment­o sustentáve­l e emprego, paz e governação, e migração e mobilidade. A comunicaçã­o adoptada pelo Executivo comunitári­o, e apresentad­a em conferênci­a de imprensa pelo vice-presidente e Alto-Representa­nte da UE para a Política Externa, Josep Borrell, e pela comissária responsáve­l pelas Parcerias Internacio­nais, Juta Urpilainen, é o contributo do lado europeu para as negociaçõe­s sobre a nova estratégia conjunta que deverá ser adoptada na Cimeira entre União Europeia e União Africana.

Recentemen­te, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, alertou para a necessidad­e de a Europa ajudar África a combater a pandemia,

“São nossos vizinhos e a pandemia lá pode sair de controlo muito rapidament­e. Infelizmen­te, não têm as mesmas capacidade­s de cuidados de saúde. Lembrem-se simplesmen­te que na Europa temos 37 médicos por dez mil habitantes, enquanto em África existe um médico por dez mil habitantes”, apontou Josep Borrell, acrescenta­ndo que se se comparar “o número de camas em hospitais ou de unidades de cuidados intensivos” dos dois continente­s, a diferença é tanto ou mais “esmagadora”.

“Por isso, é óbvio que a mesma ameaça pode fazer muito mais danos em África do que na Europa. Nós temos de ajudar África no nosso próprio interesse, porque se a pandemia se espalhar lá, pode muito bem regressar à Europa”, reforçou.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia da Covid-19 já provocou quase 345 mil mortos e infectou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e território­s. Mais de 2,1 milhões de doentes foram considerad­os curados.

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DR O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considera a cimeira UE/UA uma prioridade

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