Património histórico carece de protecção
A degradação e a demolição de alguns edifícios considerados património histórico, em Moçâmedes, capital do Namibe, preocupa os proprietários e a administração municipal local, tendo em conta o perigo que representam.
A sua valorização, nomeadamente a conservação da estrutura arquitectónica e melhoramento das fachadas, afigura-se como principal desafio da administração municipal, que diz contar com o apoio dos representantes dos edifícios e do empresariado local. Osvaldo Abel, técnico de obras e comunicação da administração municipal de Moçâmedes, aconselha os proprietários dos edifícios danificados, principalmente os situados nas principais artérias da cidade, a vendê-los ou arrendá-los a potenciais compradores e erguer novas residências em locais seguros, evitando a perda por erosão, tendo em conta a antiguidade dos imóveis.
“O património nesta situação já está cadastrado, a sua reposição carecerá de uma apreciação dos técnicos especializados, no sentido de manter as fachadas, restruturando a parte velha, mantendo a arquitectura antiga que caracteriza a construção urbanística da cidade de Moçâmedes”, informou Osvaldo Abel.
Amélia Jongolo, proprietária de um edifício danificado e com risco de desabar, afirmou conhecer o perigo que o mesmo representa, mas adiantou: “não tenho para onde ir”. “Vivo neste edifício há mais de 40 anos, herdei dos meus pais. Tenho estado a fazer alguma reabilitação, mas não é suficiente porque ele é antigo e carece de uma restruturação à altura da sua construção arquitectónica”. Questionada se venderia o edifício, Amélia Jongolo disse que nunca foi contactada, mas caso venha a acontecer, não hesitará em vender e construir uma residência nova, na zona periférica da cidade.
No encontro mantido recentemente com os proprietários de edifícios e locais considerados património histórico, o administrador municipal de Moçâmedes, Carlos Sá, exortou os mesmos a conservarem o património, tendo os donos manifestado a vontade de continuarem a manter a limpeza e manutenção periódica dos edifícios, para que a história prevaleça viva.
“A nossa administração é participativa e conta com a colaboração dos munícipes e todos os actores sociais interessados no desenvolvimento do município”, afirmou Carlos Sá.
A cidade de Moçâmedes conta com mais de 10 edifícios arquitectónicos antigos em estado de degradação, principalmente no casco urbano da cidade. No domínio do património histórico-cultural a nível da província, o Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos controla 39 monumentos e sítios históricos e culturais, oito dos quais classificados como património nacional, nomeadamente a Fortaleza de São Fernandes, Paróquia de Santo Adrião , Palácio do Governo , Edifício da Alfandega, Sítio Histórico da Torre do Tombo , Forte de Kapangombe, Estação Arqueológica de arte rupestre do Chitundu-Hulu e Makahama.