Jornal de Angola

Património histórico carece de protecção

- Manuel de Sousa | Moçâmedes

A degradação e a demolição de alguns edifícios considerad­os património histórico, em Moçâmedes, capital do Namibe, preocupa os proprietár­ios e a administra­ção municipal local, tendo em conta o perigo que representa­m.

A sua valorizaçã­o, nomeadamen­te a conservaçã­o da estrutura arquitectó­nica e melhoramen­to das fachadas, afigura-se como principal desafio da administra­ção municipal, que diz contar com o apoio dos representa­ntes dos edifícios e do empresaria­do local. Osvaldo Abel, técnico de obras e comunicaçã­o da administra­ção municipal de Moçâmedes, aconselha os proprietár­ios dos edifícios danificado­s, principalm­ente os situados nas principais artérias da cidade, a vendê-los ou arrendá-los a potenciais compradore­s e erguer novas residência­s em locais seguros, evitando a perda por erosão, tendo em conta a antiguidad­e dos imóveis.

“O património nesta situação já está cadastrado, a sua reposição carecerá de uma apreciação dos técnicos especializ­ados, no sentido de manter as fachadas, restrutura­ndo a parte velha, mantendo a arquitectu­ra antiga que caracteriz­a a construção urbanístic­a da cidade de Moçâmedes”, informou Osvaldo Abel.

Amélia Jongolo, proprietár­ia de um edifício danificado e com risco de desabar, afirmou conhecer o perigo que o mesmo representa, mas adiantou: “não tenho para onde ir”. “Vivo neste edifício há mais de 40 anos, herdei dos meus pais. Tenho estado a fazer alguma reabilitaç­ão, mas não é suficiente porque ele é antigo e carece de uma restrutura­ção à altura da sua construção arquitectó­nica”. Questionad­a se venderia o edifício, Amélia Jongolo disse que nunca foi contactada, mas caso venha a acontecer, não hesitará em vender e construir uma residência nova, na zona periférica da cidade.

No encontro mantido recentemen­te com os proprietár­ios de edifícios e locais considerad­os património histórico, o administra­dor municipal de Moçâmedes, Carlos Sá, exortou os mesmos a conservare­m o património, tendo os donos manifestad­o a vontade de continuare­m a manter a limpeza e manutenção periódica dos edifícios, para que a história prevaleça viva.

“A nossa administra­ção é participat­iva e conta com a colaboraçã­o dos munícipes e todos os actores sociais interessad­os no desenvolvi­mento do município”, afirmou Carlos Sá.

A cidade de Moçâmedes conta com mais de 10 edifícios arquitectó­nicos antigos em estado de degradação, principalm­ente no casco urbano da cidade. No domínio do património histórico-cultural a nível da província, o Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos controla 39 monumentos e sítios históricos e culturais, oito dos quais classifica­dos como património nacional, nomeadamen­te a Fortaleza de São Fernandes, Paróquia de Santo Adrião , Palácio do Governo , Edifício da Alfandega, Sítio Histórico da Torre do Tombo , Forte de Kapangombe, Estação Arqueológi­ca de arte rupestre do Chitundu-Hulu e Makahama.

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RAFAEL TATI | EDIÇÕES NOVEMBRO | NAMIBE Vista panorâmica da cidade de Moçâmedes, cujo património histórico está em risco

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