Nyusi anuncia mais acções contra os grupos armados
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse que tudo vai ser feito para travar os ataques de grupos armados na província de Cabo Delgado, onde a violência já matou, pelo menos, 550 pessoas desde 2017.
“Tudo temos estado a fazer, face às acções de grupos terroristas em alguns distritos de Cabo Delgado, organizando as nossas populações e reforçando as capacidades das nossas Forças de Defesa e Segurança”, afirmou Filipe Nyusi, numa mensagem alusiva aos 57 anos da criação da Organização de Unidade Africana (OUA), antecessora da actual União Africana, citada pela Lusa.
Para o Chefe de Estado moçambicano, os ataques armados em Cabo Delgado são protagonizados por indivíduos que procuram colocar em causa a “capacidade dos moçambicanos de viverem em harmonia”.
Devemos, com vigor, repudiar e impedir estes actos de violência”, frisou o Presidente moçambicano.
Cabo Delgado, região onde avançam mega-projectos para a extracção de gás natural, vêse a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista desde Outubro de 2017 e as autoridades moçambicanas contabilizam um total de 162 mil pessoas afectadas pela violência armada.
Situação dos refugiados
A organização Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) de Moçambique denunciou, ontem, em comunicado que cerca de dez mil pessoas que fugiram da violência armada no Norte estão sem comida e abrigo adequado em centros de acomodação.
Numa análise da situação dos refugiados na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, palco de ataques por grupos armados, a organização da sociedade civil moçambicana disse que os refugiados foram obrigados a sair das suas casas nos distritos de Quissanga e Metuge e estão alojados em três centros de acomodação, incluindo em escolas da vila de Metuge.
“Os deslocados queixamse de falta de condições nos centros de acomodação e pedem ajuda para minimizar os problemas de fome e de frio que afectam, sobretudo, mulheres e crianças”, afirma, em comunicado, a organização.
Há deslocados que dormem ao relento, porque as tendas não chegam para todos, acrescentou a organização.
Por outro lado, continuou, os centros de acomodação não oferecem condições para a observância das medidas de prevenção da Covid-19, pois os deslocados passam as noites aglomerados em salas de aula e tendas.
“Isso acontece numa província que se tornou o epicentro da doença, com 116 casos positivos, dos quais 52 recuperados”, assinalou o CDD.
O comunicado recordou que, há uma semana, o ministro da Saúde moçambicano, Armindo Tiago, visitou alguns centros de deslocados de Metuge “e o único apoio que deixou foram máscaras e redes mosquiteiras”. No fim-desemana, o governador local, Valige Tauabo, também visitou os centros de deslocadosem Mutage, “mas o máximo que fez foi lançar um apelo de solidariedade”. Segundo o comunicado, a Comunidade Islâmica é das poucas que assiste os deslocados.