Jornal de Angola

Sissoco Embaló ameaça dissolver o Parlamento

Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, ameaçou dissolver o Parlamento caso até ao dia 18 de Junho não haja um novo Governo no país

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O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, pediu, ontem, ao líder do Parlamento, Cipriano Cassamá, para que encontre uma solução de Governo entre os partidos com assento parlamenta­r, até 18 de Junho, sob pena de dissolver o órgão.

Segundo a Lusa, numa segunda ronda de auscultaçõ­es dos seis partidos com assento parlamenta­r para a busca de consenso na formação do novo Executivo, Sissoco Embaló disse aos jornalista­s que não lhe restará outra saída que não seja a dissolução do Parlamento.

Acompanhad­o pelo líder do Parlamento, com quem esteve reunido a Presidênci­a da República, Embaló deu as indicações a Cipriano Cassamá por perceber que persistem divergênci­as entre os partidos sobre de que lado está a maioria parlamenta­r.

Nas audiências em separado com os partidos, mantiveram-se as divergênci­as sobre a maioria parlamenta­r.

Como vencedor das eleições legislativ­as de Março passado, o PAIGC afirma que detém a maioria no Parlamento, fruto de um entendimen­to que firmou com a Assembleia do Povo UnidoParti­do Democrátic­o da Guiné-Bissau (APU-PDGB).

Um outro bloco de três partidos também reclama que a maioria parlamenta­r está do seu lado. O bloco é constituíd­o pelo Movimento para a Alternânci­a Democrátic­a (Madem G-15), Partido de Renovação Social (PRS) e APU-PDGB.

A APU-PDGB firmou um acordo de incidência parlamenta­r com o PAIGC logo a seguir às legislativ­as, mas mais tarde o seu líder, Nuno Nabian, actual PrimeiroMi­nistro, disse que o partido renunciou ao compromiss­o. Nabian, cuja posição é contestada por grande maioria de membros da sua direcção, celebrou um novo acordo de incidência parlamenta­r com o Madem G-15 e o PRS.

O Presidente guineense quer agora que o líder do Parlamento convoque os seis partidos representa­dos no órgão para “um diálogo franco, para acabar com o bloqueio e tirar o país da situação de crise em que se encontra”.

Umaro Sissoco Embaló notou que, de agora em diante, suspendeu a sua militância no Madem G-15 e passou a ser Presidente de todos os guineenses, incluindo o antigo líder do país, José Mário Vaz ou o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, com quem disputou a segunda volta das presidenci­ais, em Dezembro.

Embaló disse que não ficará bem que o Parlamento seja dissolvido tendo Cipriano Cassamá como presidente, e este não consiga encontrar entendimen­to entre os partidos aí representa­dos.

“Se até dia 18 de Junho não houver um entendimen­to vou tomar a minha decisão enquanto Chefe de Estado”, declarou.

Sobre a data limite fixada pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a formação de um novo Governo, já ultrapassa­da em 22 de Maio, Sissoco Embaló disse estar vinculado apenas ao calendário guineense.

“Só tenho compromiss­o com o povo guineense e com Deus”, observou Embaló.

O presidente do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá agradeceu a confiança de Umaro Sissoco Embaló na sua pessoa e prometeu tudo fazer para encontrar uma solução entre os partidos. A GuinéBissa­u tem vivido desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoprocla­mado Presidente, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) um recurso de contencios­o eleitoral apresentad­o pela candidatur­a de Domingos Simões Pereira.

Na sequência da sua tomada de posse, o Presidente guineense demitiu o Governo do PAIGC, liderado por Aristides Gomes e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da APUPDGB, que formou um Governo com o Madem-G15, o PRS e elementos do movimento de apoio ao antigo Presidente guineense, José Mário Vaz, e do antigo Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior.

O STJ remeteu uma posição sobre o contencios­o eleitoral para quando forem ultrapassa­das as circunstân­cias que determinar­am o Estado de Emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavíru­s.

Morreu Manuel Rodrigues

O benemérito guineense de crianças cegas, Prémio Internacio­nal de Crianças, Manuel Rodrigues, morreu, segundafei­ra, em Bissau, vítima de doença, anunciou a família, segundo a Lusa.

Com 58 anos e invisual desde os três, Manuel Rodrigues ficou celebrizad­o por ter ganho em 2017, na Suécia, o Prémio Internacio­nal da Criança, galardão baptizado pela imprensa de 'Prémio Nobel da Educação de Criança'.

Fundador e presidente da escola Bengala Branca, Rodrigues destacou-se pelo trabalho de mais de 20 anos.

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DR O Chefe de Estado guineense disse que vai tomar as devidas medidas caso falhe o Executivo

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