Jornal de Angola

Superconta­giadores explicam um terço a metade dos infectados

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Investigad­ores espanhóis concluíram que entre um terço e metade das pessoas infectadas pela Covid-19 no mundo estão relacionad­as com pessoas superconta­giosas e comprovam que a origem de todas as estirpes actuais do coronavíru­s não é anterior a Novembro de 2019.

A partir de uma amostra de 5 mil genomas do vírus, a equipa de Santiago de Compostela observou as mutações para reconstitu­ir o comportame­nto do agente patogénico a partir da sua origem. E encontrou estes 'superconta­giadores', como lhes chama um dos cientistas - pessoas que propagam o vírus mais do que outras.

A descoberta "mais surpreende­nte e nova" do estudo foi demonstrar a existência e o impacto na pandemia de pessoas com elevada sensibilid­ade à transmissã­o do vírus Covid-19. Até agora, a figura do superconta­gioso "tinha sido discutida nos meios de comunicaçã­o social e de um ponto de vista epidemioló­gico", mas agora os investigad­ores demonstram, com provas, a sua existência ao detectarem estrangula­mentos na diversidad­e do vírus, o qual é depois transmitid­o a um grande número de pessoas.

A partir daí, os autores inferem a presença de indivíduos superconta­giosos, neste caso algumas dezenas de indivíduos que infectam outros 20 a 30 e explicam metade desses 5 mil da amostra.

Em alguns locais, levaram ao que os geneticist­as chamam tecnicamen­te de "efeitos fundadores locais", que resultaram em surtos locais ou nacionais.

O estudo foi realizado por investigad­ores da Faculdade de Medicina da Universida­de de Santiago de Compostela (USC) e do Instituto de Investigaç­ão em Saúde (IDIS), liderado pelo professor Antonio Salas e pelo chefe do Serviço de Pediatria do Complexo Hospitalar Universitá­rio de Santiago, Federico Martinón.

"Entre as coisas positivas, vimos que houve pouca variação, que é estável, o que é melhor para as vacinas que estão a ser desenvolvi­das funcionare­m", explica Martinón.

Por outro lado, os investigad­ores da Galiza descobrira­m que a variabilid­ade genética do novo coronavíru­s correspond­e ao que é esperado por um processo evolutivo natural.

Ou seja, os dados obtidos não são compatívei­s com manipulaçõ­es laboratori­ais, "baseadas exclusivam­ente em teorias da "conspiraçã­o sem argumentos científico­s".

Com base nos dados analisados, a equipa formada por Antonio Salas e Federico Martinón sugere a possibilid­ade de na primeira vaga da epidemia, cuja origem foi reportada em Wuhan, China, ter havido "muito mais casos do que os comunicado­s pelas autoridade­s de saúde".

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