Guerra Fria com EUA prejudica o mundo
Primeiro-Ministro chinês afirma que China e Estados Unidos precisam de ampliar os interesses comuns e controlar discrepâncias, mantendo ampla comunicação
O Primeiro-Ministro chinês, Li Keqiang, disse, ontem, que a alegada “Guerra Fria” entre a China e os Estados Unidos “não beneficia nenhuma das partes e prejudicará o mundo todo”.
Li Keqiang admitiu que as relações entre os dois países enfrentam “novos problemas e desafios”, mas que Pequim e Washington mantêm “ampla comunicação” em áreas como a economia, comércio, investimento e cultura.
“As relações superaram ventos e chuvas, nas últimas décadas, e são realmente complexas”, admitiu, segundo a Lusa.
“Precisamos de ter inteligência suficiente para ampliar os interesses comuns e controlar adequadamente as discrepâncias e os problemas”, apontou o Primeiro-Ministro chinês, na conferência de imprensa, após o encerramento da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional.
Os Estados Unidos passaram, nos últimos anos, a definir a China como a “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que se traduziu já numa guerra comercial e tecnológica e em várias disputas por influência no Leste da Ásia.
A marinha norte-americana reforçou, ainda, as patrulhas no Mar do Sul da China, reclamado, quase na totalidade, por Pequim, segundo os EUA, apesar dos protestos dos países vizinhos, enquanto Washington tem reforçado os laços com Taiwan, que se assume como uma entidade política soberana, contra a vontade chinesa, que ameaça “usar a força” caso a ilha declare a independência.
De acordo com analistas de política internacional, a crescente animosidade de Washington face à China surge numa altura em que o Presidente, Xi Jinping, assume o desejo de aproximar o país do centro da governação dos assuntos globais, abdicando do “perfil discreto” na política externa, que vigorou durante décadas.
A nova vocação internacionalista do país materializa-se no gigantesco plano de infra-estruturas “uma faixa, uma rota”, que visa conectar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa, e é visto como uma versão chinesa do “Plano Marshall”, lançado pelos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, que permitiu a Washington criar a fundação de alianças que perduram até hoje.