Para Setembro?
acredita que pelo menos uma vacina contra a Covid19 poderá estar no mercado dentro de 12 a 18 meses. Mas isto apenas porque são vários os laboratórios que entraram na corrida para encontrar a arma para uma pandemia como não se via em 100 anos.
Ainda assim, as primeiras “podem não ser as melhores e podem só funcionar em 50% das pessoas”. As primeiras vacinas também não chegarão a toda a população. Em primeiro lugar, na fila para receber a vacina, estarão as pessoas de maior risco: profissionais de saúde, idosos e pessoas com doenças subjacentes.
“Normalmente, se uma vacina não atinge os 95% de eficácia na população, não é aprovada. Para o coronavírus, haverá um limite mais baixo. E então vacinas melhores irão chegar ao mercado, talvez dois anos depois”, admite o virologista.
A rapidez com que uma vacina contra a Covid-19 vai chegar ao mercado irá depender, em grande parte, de como os reguladores vão gerir as questões de eficácia e segurança da mesma.
“Provar que as vacinas funcionam significa prevenir infecções”, diz Ellis. “Normalmente, espera-se o próximo surto e faz-se um estudo de campo da vacina versus um placebo. Imunizam-se milhares de pessoas e, com sorte, mostra-se que há menos casos no grupo que recebeu a vacina do que no grupo de controlo. Mas não sabemos quando será a próxima vaga deste coronavírus. Então, há quem defenda que não faz sentido esperar”, explica Ron Ellis.
A empresa
farmacêutica AstraZeneca disse estar pronta para começar a fornecer uma potencial vacina contra a Covid-19 já em Setembro.
A empresa revelou ter fechado acordos para entregar pelo menos 400 milhões de doses da vacina que tem vindo a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford.
O laboratório garante que será capaz de produzir mil milhões de doses da AZD1222 o nome da vacina - durante este ano e o próximo. Os testes iniciais ainda não estão concluídos, mas a AstraZeneca já admitiu que a vacina pode não funcionar.
Ainda assim, a empresa dizse comprometida com o avanço do programa clínico e acrescentou que a produção da vacina da AstraZeneca não ficará circunscrita apenas a um país.
O financiamento para esta vacina chegou do Reino Unido e dos EUA. O laboratório disse ter recebido mil milhões da Autoridade Biomédica Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento dos EUA (BARDA), uma verba destinada para o desenvolvimento, produção e distribuição da vacina.
A Austrália anunciou, na terça-feira, que já começou a ser testada em seres humanos uma potencial vacina contra a Covid-19 - a primeira do hemisfério sul.
Os testes começaram em Melbourne e estão 130 pessoas envolvidas no programa. Segundo o site ABC News, os participantes no ensaio são pessoas saudáveis, entre os 18 e os 59 anos.
A organização de investigação clínica Nucleus Network é a responsável pelos estágios iniciais do teste da vacina, baptizada com o nome NVX-CoV2373.
A vacina está a ser desenvolvida pela empresa norteamericana de biotecnologia Novavax e tem como objectivo melhorar a resposta imune do organismo e estimular a produção de anticorpos que possam neutralizar a doença. Gregory Glenn, o director científico da Novavax, disse que a empresa começou a trabalhar com uma potencial vacina logo em Janeiro.
“As vacinas são milagres e têm uma óptima forma de proteger as populações contra doenças graves. Estou muito optimista que isso possa ser feito aqui”, afirmou Glenn. A vacina que está a ser testada em Melbourne foi escolhida de entre um total de 30 potenciais, acrescentou o responsável.
Polémica
Também as empresas farmacêuticas, incluindo a Moderna e a Sanofi, estão na corrida ao desenvolvimento e produção da vacina contra o novo coronavírus, cujos peritos dizem ser crucial para permitir aos países abrandar o confinamento e as restrições à vida pública.
A gigante farmacêutica Sanofi esteve no centro de uma polémica, que levou o próprio Governo francês a reagir, por ter sugerido que os Estados Unidos terão prioridade para receber os primeiros fornecimentos de qualquer vacina contra a Covid-19.
“O Governo dos EUA tem direito à maior pré-encomenda, porque investiu no risco”, disse o director-executivo da multinacional francesa, Paul Hudson, à Bloomberg News.
Após a polémica, voltou atrás, dizendo: “vou ser muito claro: não haverá avanço (da vacina) para nenhum país”, disse o presidente da Sanofi.
Testes em humanos
A empresa americana de biotecnologia Moderna anunciou este mês ter alcançado resultados “positivos provisórios” na fase inicial de ensaios clínicos da vacina contra o novo coronavírus, num pequeno número de voluntários.
A vacina aparentemente produziu uma resposta imune em oito pacientes que a receberam, da mesma magnitude que aqueles que já foram infectados com o vírus, informou a empresa.
“A fase provisória 1, embora em estágio inicial, demonstra que a vacinação com o mRNA1273 produz uma resposta imune da mesma magnitude que a provocada por infecção natural”, disse Tal Zaks, director médico da Moderna, em comunicado.