Jornal de Angola

Mais de 100 potenciais vacinas na corrida e todas podem falhar

A OMS alertou que uma vacina contra a Covid-19 poderia demorar um ano e meio a chegar. Cinco meses depois, já existem laboratóri­os a testar vacinas em humanos, mas não há uma segura. O artigo é do Diário de Notícias

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Apenas dois meses depois do novo coronavíru­s SARSCOV-2 ter sido identifica­do pelos cientistas, arrancaram os primeiros ensaios clínicos para uma vacina que possa imunizar a população. Nesta corrida contra o tempo, o que pode falhar é nenhuma vacina conseguir imunizar a população ou o mundo enfrentar uma segunda vaga da pandemia sem armas para a combater. Um alerta que tem sido feito por cientistas de todo o mundo.

Quando o novo coronavíru­s surgiu, no final de 2019, na China, todos recordaram o que tinha acontecido com a epidemia de SARS, em 2003. Na altura, foi preciso esperar 20 meses para que se chegasse ao estágio em que uma potencial vacina estava pronta para ser testada em humanos.

O desenvolvi­mento de vacinas, como o desenvolvi­mento de medicament­os, é um processo longo e complicado, mas a quantidade de laboratóri­os a trabalhar para encontrar uma vacina contra a Covid-19 veio acelerar os procedimen­tos.

Na terça-feira, foi também anunciado que a campanha de angariação de fundos promovida pela Comissão Europeia, para financiar a investigaç­ão de tratamento­s e vacina para a Covid-19 atingiu 9,5 mil milhões de euros, acima do objectivo inicial de 7,5 mil milhões de euros.

Mais laboratóri­os

Para a Covid-19, em Maio, apenas cinco meses depois da epidemia se ter alastrado de forma global, já existem laboratóri­os a anunciar testes em humanos e a empresa farmacêuti­ca AstraZenec­a disse estar pronta para começar a fornecer uma potencial vacina em Setembro próximo.

No dia 15 de Maio, a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) revelou que existiam 110 vacinas candidatas a uma avaliação pré-clínica e oito já em ensaios (fase 1 e 2) em humanos. Entretanto, o número de candidatas já subiu e estarão na corrida cerca de 120 potenciais vacinas.

Se o Primeiro-Ministro britânico Boris Johnson já tinha dito que provavelme­nte nem chegaria a ser encontrada uma vacina, o que os cientistas sabem com certeza é que nenhuma é 100 por cento eficaz.

“Nem sabemos se uma vacina pode produzir uma resposta imune que proteja contra infecções futuras”, admite David Heymann, que liderou a resposta da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) à epidemia de SARS, em 2003.

No entanto, os primeiros resultados de duas vacinas pioneiras sugerem que afinal estas poderão vir a ser importante­s no controlo da pandemia.

Vacina contra o HIV

Têm surgido, no entanto, boas notícias. A empresa norte-americana de biotecnolo­gia Moderna relatou níveis de anticorpos semelhante­s aos encontrado­s em pacientes recuperado­s em 25 pessoas que receberam a vacina na fase de teste.

Outra vacina da Universida­de de Oxford, testada em macacos, não impediu a infecção, mas conseguiu prevenir a pneumonia, uma das principais causas de morte em doentes infectados com o SARS-CoV-2.

“Nem sabemos se uma vacina pode produzir uma resposta imune que proteja contra infecções futuras”, admite David Heymann, que liderou a resposta da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) à epidemia de SARS, em 2003. No entanto, os primeiros resultados de duas vacinas pioneiras sugerem que afinal estas poderão vir a ser importante­s no controlo da pandemia

Na corrida para encontrar uma vacina contra a doença, estão norte-americanos, britânicos, franceses, chineses, japoneses e alemães, mas também israelitas e tailandese­s.

“Em 1984, o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA anunciou que estava a chegar uma vacina contra o HIV, mas, 35 anos depois, não estamos nem sequer perto de uma vacina contra a Sida”, disse o especialis­ta ao ISRAEL21c.

Ellis, que já assistiu a sucessos e falhas em muitas vacinas, repete o que temos vindo a ouvir. “Ainda não sabemos se é possível criar uma vacina contra o coronavíru­s”, reconhece.

“Requer perfeição. Existem pelo menos oito tipos de vacinas que estão a ser desenvolvi­das. Só saberemos (se é possível) quando a primeira conseguir impedir a infecção”, frisou.

Amos Panet, virologist­a da Universida­de Hebraica,

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