Grupos aguardam regresso às salas de teatro
Com a abertura das salas de teatro marcada para 8 de Junho, em todo o país, os directores de grupos e de festivais voltam a acertar as agendas, afectadas pela paralisação imposta pela pandemia da Covid-19.
O Festival Internacional do Cazenga (FESTECA), a realizar de 2 a 12 de Julho, continua sem data. A directora do festival, Felismina Sebastião, contava com uma produção organizada e a habitual participação de grupos estrangeiros, porém “diante da situação que o mundo enfrenta, as coisas ficaram muito baralhadas”.
“Apesar do Executivo ter avançado que os teatros e museus podem abrir já a partir do dia 9 de Junho, ainda estamos condicionados em alguns aspectos quanto à realização do FESTECA, por sermos um festival de cariz internacional”, lamentou.
Felismina Sebastião adiantou que o período de confinamento inviabilizou os preparativos que já estavam em curso, visto que a agenda de produção da 15ª edição do festival já estava na segunda fase, a de selecção dos grupos que marcariam presença. “Mas este trabalho ficou inconclusivo por ser uma fase que obriga a visualização minuciosa dos espectáculos propostos”, disse.
“Até agora continuamos sem saber, ao certo, se na reabertura conseguiremos seleccionar os grupos, preparar todos os espectáculos e criar as condições possíveis para a realização da 15ª edição, até então com o arranque agendado para o dia 2 de Julho”, destacou.
Para que a festa do teatro retome no Cazenga, Felismina Sebastião garante que, neste momento, a direcção do festival está atenta aos detalhes e pretende discutir, em breve, a possibilidade de ser realizado apenas com grupos de Luanda e se houver maior abertura, incluir, também, os colectivos das demais províncias.
“Está tudo em aberto. Caso queiramos realizar o festival só restará trabalhar com os grupos nacionais. Infelizmente, esse formato retira um pouco da tradição de um festival que ganhou contornos internacionais. É um outro formato, por isso queremos, antes, rever possibilidades, caso o realizemos mesmo em Julho”, explicou.
Com pouco menos de um mês para a produção de um festival internacional, a directora reconhece as dificuldades em avançar com um projecto que exige preparação a longo prazo e não exclui a possibilidade de a direcção do festival cancelar esta edição.
“Porque, em função da realidade, esse risco é real. A alternativa será não realizar em Julho e agendarmos para o final do ano, talvez em Novembro. Ainda não temos nada acertado. Apenas algumas ideias e vamos tentar coloca-las no papel”, disse.
Adaptação
A 5ª edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT), cuja realização estava prevista para os meses de Junho a
Novembro, sofreu alterações de calendário. O director do festival, Adérito Rodrigues, informou, ontem, que o festival foi remarcado para Setembro, Outubro e Novembro, continuando a dar ênfase às comemorações do 45º aniversário da Independência Nacional e ao programa “Cultura em Novembro”.
Adérito Rodrigues adiantou que nesta edição o homenageado continua a ser Fragata de Morais e uma das inovações é a implementação do prémio Teatro Catoca 25 anos. “O prémio
Fragata de Morais vai distinguir os grupos que melhor adaptarem a peça ‘A Visita’, da autoria do homenageado”, aclarou.
Para Adérito Rodrigues, os três meses de intervalo, a contar com a abertura dos teatros agendada para 8 de Junho, vão servir para os grupos reabrirem as oficinas e prepararem melhor os espectáculos. “Acredito que muitos grupos pretendem apresentar nos palcos as diversas consequências do período de confinamento, “bem ao jeito humorístico e trágico do teatro angolano”. Por isso, esses três meses vão permitir, também, fazer um ensaio geral do que vai ser o próprio festival”.
Caso o momento não se mostre favorável e frustre as expectativas da realização do CIT marcadas para Setembro, Adérito Rodrigues revela como plano alternativo a realização do festival apenas em Novembro. “Vamos fazêlo em apenas um mês. Novembro é o ideal por ser na altura dos festejos dos 45 anos da Independência Nacional”, salientou.