Chefe de Estado ausculta membros da sociedade civil
Membros da sociedade civil estão expectantes em saber, hoje, durante um encontro com o Presidente da República, as medidas do Executivo para fazer face ao impacto da Covid-19, bem como os projectos traçados para o período após a pandemia.
Em declarações ao Jornal de Angola, o director-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta, disse que vai apresentar ao Presidente João Lourenço as principais preocupações dos agricultores, que passam pelos meios de produção e de escoamento dos produtos do campo.
Relativamente à dificuldade de escoamento de produtos, Carlos Cambuta citou o exemplo da Cooperativa Cupemba, na comuna do Hengue, município do Bailundo, na província do Huambo, que produziu mais de 20 toneladas de feijão manteiga, mas encontra dificuldades para o escoamento. Em contrapartida, nas cidades, este produto é vendido a um preço exorbitante.
"Vamos apelar à Sua Excelência Presidente da República no sentido de assegurar que os programas de desenvolvimento rural e combate à pobreza possam merecer atenção especial neste tempo de pandemia da Covid-19", adiantou Carlos Cambuta. "Pensamos, por exemplo, que aqueles que utilizam motorizadas de três rodas (vulgo kupapatas) como meio de actividade devem ser estimulados a continuar", acrescentou.
O responsável da ADRA pretende abordar, igualmente, com o Titular do Poder Executivo, a questão do Fundo de Apoio para o Desenvolvimento
Agrário (FADA). Carlos Cambuta lamentou o facto de o FADA, um projecto estruturante para o desenvolvimento da agricultura familiar, esteja engavetado, por falta de recursos financeiros. Com o devido apoio, sublinhou, os agricultores serão capazes de produzir mais.
Ao Presidente da República, o director-geral da ADRA vai sugerir que os Ministérios da Educação e do Ensino Superior discutam com parceiros a questão sobre o regresso às aulas. A sugestão surge pelo facto de, segundo Carlos Cambuta, muitas famílias estarem cépticas em mandar os filhos às escolas, pois consideram que não estão, nesta altura, em condições de garantirem a segurança sanitária dos alunos. A título pessoal, Carlos Cambuta considera que é possível o regresso às aulas, desde que haja um "esforço redobrado" de todos.
Jornalistas presentes
Luísa Rogério, membro do comité executivo da Federação Internacional de Jornalistas, quer saber que medidas específicas o Executivo vai adoptar com vista à busca de soluções para inverter o agravamento da situação social e económica do país. Do Presidente da República, Luísa Rogério pretende saber, por exemplo, "como é que podemos deixar de ser reféns dos rendimentos do petróleo, uma vez que, até hoje, não se criaram condições concretas para se potenciar a agricultura".
"Como jornalista, gostaria de saber que medidas específicas o Executivo pretende adoptar com vista a garantir a segurança no trabalho, preservação da saúde dos trabalhadores", adiantou a também profissional do Jornal de Angola.
O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, elogiou a iniciativa do Presidente da República e a sua expectativa é de que as opiniões dos membros da sociedade civil ajudem o Titular do Poder Executivo a tomar decisões exequíveis para o período pós-Covid-19.