Cidadãos cépticos com a Situação de Calamidade Pública
Cidadãos em Malanje manifestam algum cepticismo em relação a declaração da Situação de Calamidade Pública, pois consideram muito elevado o risco de contaminação comunitária da Covid-19. À reportagem do Jornal de
Angola, os cidadãos temem que o Estado de Calamidade venha a contribuir para o aumento do risco de contágio e propagação do novo coronavírus, devido à mobilidade das pessoas e o incumprimento das medidas de prevenção.
Mateus Lopes, residente em Malanje, mostrou-se apreensivo com a declaração da Situação de Calamidade Pública, que permite a retoma da actividade económica, numa altura em que aumenta o número de casos positivos da Covid-19.
“Quando se decretou o Estado de Emergência, foram impostas restrições que acabaram por ter repercussões socioeconómicas no seio da população. Tendo em conta essas consequências, o Executivo decidiu declarar a Situação de Calamidade Pública, permitindo, assim, a retoma gradual da actividade económica. Será que agora haverá cumprimento das medidas de prevenção, quando o Estado de Emergência, com fortes restrições, ficou muito marcado por actos de desobediência?”, questionou-se, antevendo resultados “desastrosos” com a declaração da Situação de Calamidade Pública.
“Era preferível continuarmos sob Estado de Emergência, porque há maior controlo da situação epidemiológica, principalmente, com o aumento de casos positivos da doença”, disse.
Já Francisco Ngola frisou que, ao declarar a Situação de Calamidade Pública, o Executivo devia “endurecer” as medidas de prevenção e segurança no seio das populações, no sentido de se evitar o pior.
“Com o Estado de Calamidade, a vida começa a voltar à normalidade. Mas essa normalidade não significa libertinagem. Por isso, defendo que, embora haja essa retoma à normalidade, o Executivo devia adoptar medidas mais duras para não acontecer como Estado de Emergência, onde houve muita desobediência”, disse
O munícipe Pedro Vaz defendeu que, apesar do Estado de Calamidade, não deve baixar a guarda, porque o risco de contaminação comunitária da pandemia da Covid-19 continua à espreita. “O pior ainda não passou. Por isso, devemos continuar a cumprir com as medidas de prevenção contra o novo coronavírus”, afirmou.
O gestor de uma unidade hoteleira, que preferiu o anonimato, prefere aguardar pela evolução da situação epidemiológica, antes de retomar a sua actividade. “A situação aconselha alguma prudência. Vamos esperar mais um pouco antes de reabrirmos o nosso estabelecimento hoteleiro, porque o risco de contágio é grande”, disse.