Moçambique declara Pemba local de transmissão comunitária
O ministro da Saúde de Moçambique declarou ontem a cidade de Pemba o segundo ponto com "transmissão comunitária" do novo coronavírus, na sequência da rápida evolução do número de infecções na capital provincial de Cabo Delgado, norte do país
"A cidade de Pemba é declarada como o segundo ponto geográfico (depois da cidade de Nampula) a transitar do padrão de focos de transmissão para uma transmissão comunitária", declarou Armindo Tiago, falando durante a conferência de imprensa de actualização de dados sobre a pandemia no Ministério da Saúde, em Maputo.
O primeiro doente da Covid-19 em Moçambique foi anunciado a 22 de Março e Pemba só registou o primeiro caso quase um mês depois (a 22 de Abril), mas está entre as cidades com mais número de casos activos actualmente.
"Encontrámos uma elevada percentagem de positividade das amostras testadas, que actualmente corresponde a quase o dobro do que é a média nacional", frisou Armindo Tiago.
As autoridades indicam que a cidade tem uma "alta transmissibilidade interpessoal", bem como "uma mudança no perfil demográfico nos casos de Covid-19".
A 6 de Junho, o Ministério da Saúde declarou a cidade de Nampula, também no norte de Moçambique, o primeiro ponto do país com transmissão comunitária do novo coronavírus.
Em resposta à propagação da doença em Pemba, o Governo moçambicano vai adoptar várias medidas, com destaque para expansão da vigilância activa em toda a província de Cabo Delgado, que conta com um total de 125 casos activos. "Vamos fortalecer as equipas locais de vigilância epidemiológica e intensificar as acções de higiene e saneamento", declarou Armindo Tiago, acrescentando que será aberto, até meados de Julho, um laboratório para testagem, que actualmente tem sido feita apenas na província de Maputo, sul do país.
Cabo Delgado é também a província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural e está sob ataque desde Outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.
Em dois anos e meio de conflito naquela província do Norte de Moçambique, estima-se que já tenham morrido, pelo menos, 600 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afectadas, sendo obrigadas a procurar refúgio em lugares mais seguros.
Nas últimas 24 horas, Moçambique registou a quinta morte e 45 novos casos da Covid-19, elevando o total de 688 para 733.
Dos casos já registados, 663 são de transmissão local e 70 são importados, havendo também nove pessoas internadas, além dos cinco óbitos.
O Ministério da Saúde indicou ainda que 181 pessoas estão recuperadas.
As províncias de Nampula, Cabo Delgado e cidade de Maputo lideram com o maior número de casos activos no país, respectivamente com 218, 125 e 75, estando os restantes distribuídos pelo país.