Presidente do Egipto ameaça com retaliação
O Presidente do Egipto, Abdel Fatah al-Sissi, alertou, ontem, que uma tentativa de ataque de forças na Líbia apoiadas pela Turquia à cidade de Sirte passaria uma "linha vermelha" e desencadearia uma intervenção militar egípcia directa no conflito.
Segundo a Reuters, num discurso transmitido pela televisão, Abdel Fatah al-Sissi disse que o Egipto poderia intervir na vizinha Líbia para proteger a sua fronteira ocidental e criar estabilidade na Líbia, incluindo a criação de condições para um cessarfogo neste país.
O poder na Líbia, em caos desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011, é disputado pelo Governo de Acordo Nacional (GAN, sediado em Tripoli e reconhecido pela ONU), que conta com ajuda da Turquia, e pelo marechal Khalifa Haftar, apoiado pela Rússia, Egipto e Emirados Árabes Unidos.
O porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin, disse, sábado, numa entrevista à AFP que a instauração de um cessar-fogo duradouro na Líbia passa pela retirada da cidade estratégica de Sirte das forças de Haftar.
Khalifa Haftar lançou, em Abril de 2019 ,uma ofensiva para ocupar a capital, Tripoli, que já causou centenas de mortos e cerca de 200 mil deslocados. Depois de terem recuperado, no início deste mês, o controlo da região Noroeste do país, com ajuda da Turquia, as forças do GAN estão a ser impedidas de avançar em direcção a Sirte.
"Neste momento, o GAN considera, e nós apoiamolo, que todas as partes devem regressar às suas posições de 2015, quando foi assinado o acordo político de Skhirat (Marrocos), o que quer dizer que as forças de Haftar se devem retirar de Sirte e de al-Jufra", mais a sul, disse Kalin. O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, efectuou, na sextafeira, uma visita de surpresa a Tripoli. Trata-se da mais importante delegação turca a visitar o país, desde a ofensiva, lançada em Abril, por Khalifa Haftar. A tentativa fracassou, quando o GNA, com o apoio militar massivo turco conseguiu afastar os pró Haftar da capital.
O chefe da diplomacia turca fez-se acompanhar do ministro das Finanças, Berat Albayrak, e do chefe dos Serviços de Informação, Hakan Fidan. Na ocasião, o portavoz do Governo turco a França de “colocar em perigo a segurança da OTAN”, ao apoiar o marechal Khalifa Haftar.
“Na Líbia, apoiamos o Governo legítimo, e o Governo francês apoia um chefe de guerra, colocando em perigo a segurança da OTAN no Mediterrâneo, na África do Norte e a estabilidade na Líbia”, declarou o porta-voz, do Executivo turco, Ibrahim Kalin, em entrevista à AFP.