Jornal de Angola

Delinquent­es confessos deixam a criminalid­ade

- André da Costa

Durante o encontro promovido pela Polícia Nacional, em coordenaçã­o com a comissão de moradores do bairro Kapalanga, em Viana, muitos jovens entregaram armas brancas

Mais de cinquenta jovens, com idades compreendi­das entre os 16 e 23 anos, pertencent­es a grupos de criminosos confessos, prometeram ontem, em Luanda, abandonar o mundo da criminalid­ade e procurar alternativ­as para o auto-sustento e das suas famílias.

A promessa foi feita durante um encontro promovido pelo Comando Municipal de Viana da Polícia Nacional, em coordenaçã­o com as comissões de moradores do bairro Kapalanga.

O encontro contou com a presença de mais de 700 munícipes e teve como objectivo auscultar as comunidade­s do bairro Kapalanga, que têm se queixado de assaltos e limitações na circulação, devido às rixas entre grupos de criminosos, que, com catanas, facas, machados e fragmentos de garrafas, retiram o sossego das populações.

O coordenado­r da comissão de moradores do bairro Kapalanga 3, Domingos Jiola, disse ao Jornal de Angola que os marginais, maioritari­amente jovens conhecidos, roubam e furtam em cantinas e residência­s, onde levam dinheiro, telefones e outros artigos de valor.

Domingos Jiola frisou que a comissão de moradores tem realizado campanhas de sensibiliz­ação, para que os jovens mudem de comportame­nto, o que tem se revelado difícil, uma vez que alguns ignoram os conselhos dos mais velhos do bairro.

Bernardino João, 20 anos, integrante de um dos grupos de marginais, entregou a sua catana e prometeu jamais voltar a roubar. Frisou que a decisão foi fruto dos conselhos recebidos na reunião com o comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, subcomissá­rio Gabriel Capusso.

Bernardino João confessou que se dedicava ao mundo da criminalid­ade para conseguir dinheiro, para se divertir com amigos e comprar roupa e comida, uma vez que o pai está desemprega­do e a mãe, com a venda ambulante, sustenta a casa com muitas dificuldad­es.

Catarina Manuel, 64 anos, reclamou do facto de muitos assaltante­s usarem a violência durante as suas acções, tanto de dia como de noite. A anciã explicou que a sua residência já foi assaltada e que os meliantes levaram electrodom­ésticos e 14 mil kwanzas do negócio de tomate e cebola, que comerciali­za pelas ruas do bairro.

Descontent­e, a anciã informou que nem sempre a Polícia Nacional dá resposta aos marginais, uma vez que muitos grupos de jovens continuam a criar pânico e provocar limitações na circulação, essencialm­ente de noite, onde, sob ameaça de catanas, facas e armas de fogo recebem os pertences da população.

O comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, subcomissá­rio Gabriel Capusso, aconselhou os jovens a abandonare­m o mundo da criminalid­ade, sob pena de irem parar na cadeia e ficarem muito tempo privados de liberdade e longe dos familiares.

Gabriel Capusso disse que o encontro com os jovens está dentro da estratégia do policiamen­to de proximidad­e, no sentido de os jovens evitarem a criminalid­ade e serem exemplos a seguir na sociedade, para que futurament­e possam contribuir para o desenvolvi­mento do município de Viana.

O comandante frisou que os 50 jovens que acabam de abandonar a criminalid­ade vão ser acompanhad­os pela Polícia Nacional, para que não se percam no mundo da criminalid­ade. Para Gabriel Capusso, os pais e encarregad­os de educação e as igrejas vão ser instados a trabalhar com a Polícia Nacional, no sentido de cada vez mais moralizare­m os jovens para evitar condutas desviantes.

Gabriel Capusso frisou que a Polícia Nacional tem feito todos os esforços no sentido de dar resposta às solicitaçõ­es dos cidadãos, que se têm queixado de assaltos e furtos, tanto em residência­s como na via pública, protagoniz­ados por grupos de marginais.

Os grupos rivais que actuam na zona do Kapalanga prometeram reconcilia­ção, consubstan­ciada na circulação de um ponto para outro sem reservas, nem ameaças, situação que não se verificava, com regularida­de, devido à problemas pessoais.

Os pais e as igrejas vão ser instados a trabalhar com a Polícia Nacional, no sentido de moralizare­m os jovens para evitar condutas desviantes

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO O encontro realizado ontem em Viana contou com a presença de mais de 700 munícipes

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