Delinquentes confessos deixam a criminalidade
Durante o encontro promovido pela Polícia Nacional, em coordenação com a comissão de moradores do bairro Kapalanga, em Viana, muitos jovens entregaram armas brancas
Mais de cinquenta jovens, com idades compreendidas entre os 16 e 23 anos, pertencentes a grupos de criminosos confessos, prometeram ontem, em Luanda, abandonar o mundo da criminalidade e procurar alternativas para o auto-sustento e das suas famílias.
A promessa foi feita durante um encontro promovido pelo Comando Municipal de Viana da Polícia Nacional, em coordenação com as comissões de moradores do bairro Kapalanga.
O encontro contou com a presença de mais de 700 munícipes e teve como objectivo auscultar as comunidades do bairro Kapalanga, que têm se queixado de assaltos e limitações na circulação, devido às rixas entre grupos de criminosos, que, com catanas, facas, machados e fragmentos de garrafas, retiram o sossego das populações.
O coordenador da comissão de moradores do bairro Kapalanga 3, Domingos Jiola, disse ao Jornal de Angola que os marginais, maioritariamente jovens conhecidos, roubam e furtam em cantinas e residências, onde levam dinheiro, telefones e outros artigos de valor.
Domingos Jiola frisou que a comissão de moradores tem realizado campanhas de sensibilização, para que os jovens mudem de comportamento, o que tem se revelado difícil, uma vez que alguns ignoram os conselhos dos mais velhos do bairro.
Bernardino João, 20 anos, integrante de um dos grupos de marginais, entregou a sua catana e prometeu jamais voltar a roubar. Frisou que a decisão foi fruto dos conselhos recebidos na reunião com o comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, subcomissário Gabriel Capusso.
Bernardino João confessou que se dedicava ao mundo da criminalidade para conseguir dinheiro, para se divertir com amigos e comprar roupa e comida, uma vez que o pai está desempregado e a mãe, com a venda ambulante, sustenta a casa com muitas dificuldades.
Catarina Manuel, 64 anos, reclamou do facto de muitos assaltantes usarem a violência durante as suas acções, tanto de dia como de noite. A anciã explicou que a sua residência já foi assaltada e que os meliantes levaram electrodomésticos e 14 mil kwanzas do negócio de tomate e cebola, que comercializa pelas ruas do bairro.
Descontente, a anciã informou que nem sempre a Polícia Nacional dá resposta aos marginais, uma vez que muitos grupos de jovens continuam a criar pânico e provocar limitações na circulação, essencialmente de noite, onde, sob ameaça de catanas, facas e armas de fogo recebem os pertences da população.
O comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, subcomissário Gabriel Capusso, aconselhou os jovens a abandonarem o mundo da criminalidade, sob pena de irem parar na cadeia e ficarem muito tempo privados de liberdade e longe dos familiares.
Gabriel Capusso disse que o encontro com os jovens está dentro da estratégia do policiamento de proximidade, no sentido de os jovens evitarem a criminalidade e serem exemplos a seguir na sociedade, para que futuramente possam contribuir para o desenvolvimento do município de Viana.
O comandante frisou que os 50 jovens que acabam de abandonar a criminalidade vão ser acompanhados pela Polícia Nacional, para que não se percam no mundo da criminalidade. Para Gabriel Capusso, os pais e encarregados de educação e as igrejas vão ser instados a trabalhar com a Polícia Nacional, no sentido de cada vez mais moralizarem os jovens para evitar condutas desviantes.
Gabriel Capusso frisou que a Polícia Nacional tem feito todos os esforços no sentido de dar resposta às solicitações dos cidadãos, que se têm queixado de assaltos e furtos, tanto em residências como na via pública, protagonizados por grupos de marginais.
Os grupos rivais que actuam na zona do Kapalanga prometeram reconciliação, consubstanciada na circulação de um ponto para outro sem reservas, nem ameaças, situação que não se verificava, com regularidade, devido à problemas pessoais.
Os pais e as igrejas vão ser instados a trabalhar com a Polícia Nacional, no sentido de moralizarem os jovens para evitar condutas desviantes