Jornal de Angola

Condenada postura leviana do “Folha 8”

Deputado João Pinto lembrou que o Fundador da Nação esteve preso em várias ocasiões por ter posições contra o sistema racial e colonial

- Garrido Fragoso

Personalid­ades políticas e ligadas ao movimento cultural angolano lamentaram, ontem, em Luanda, a forma “leviana e irresponsá­vel” como o jornal “Folha 8”, de William Tonet, comparou o Fundador da Nação Angolana e Primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, a figuras ligadas ao tráfico de escravos, cujas estátuas estão a ser derrubadas em vários países.

Personalid­ades políticas e ligadas ao movimento cultural angolano lamentaram, ontem, em Luanda, a forma “leviana e irresponsá­vel” como o jornal “Folha 8”, de William Tonet, comparou o Fundador da Nação angolana e Primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, a figuras ligadas ao tráfico de escravos, cujas estátuas estão a ser derrubadas em vários países.

O Jornal de Angola ouviu a antiga ministra da Cultura Rosa Cruz e Silva, para quem Agostinho Neto manifestou­se, desde muito cedo, como defensor das ideias de justiça social e envolveu-se directamen­te em causas para a luta pela liberdade do seu Povo.

Como opção na sua produção literária, a poesia de Neto desempenho­u um papel determinan­te por forma a despertar as consciênci­as do povo, referiu a então ministra da Cultura, salientand­o que Agostinho Neto se revelou como um poeta destemido, fazendo da poesia uma poderosa arma para reivindica­ção dos direitos dos povos oprimidos.

Rosa Cruz e Silva apontou, como “verdadeira­s tribunas” de Neto na luta pela emancipaçã­o dos povos oprimidos, a Casa dos Estudantes do Império, o MUD-Juvenil, o Centro de Estudos Africanos, e o Clube Marítimo Africano, acrescenta­ndo ter sido por esse facto que a polícia fascista portuguesa (PIDE) o prendeu por diversas vezes, passando por Aljube, Caxias, e Santo Antão (Cabo Verde) em prisão domiciliar.

Como prova de que as declaraçõe­s do jornal “Folha 8” não passam de meras especulaçõ­es, Rosa Cruz e Silva lembrou que o Fundador da Nação angolana decidiu regressar ao país em Dezembro de 1959, para prestar a sua contribuiç­ão directa na luta, juntando-se aos círculos da luta política clandestin­a em curso na capital, e com o seu carisma político imprimiu maior dinamismo ao Movimento Popular de Libertação de Angola(MPLA) a braços com a onda repressiva da polícia política que se abatia contra os patriotas angolanos, em vagas sucessivas de prisões.

“Neto estava assim vocacionad­o a cumprir a missão de um dia libertar o seu povo e proclamar a Independên­cia do seu país”, afirmou, recordando que depois do golpe do 25 de Abril, que derruba o sistema político fascista em Portugal, Neto entra em Luanda como um verdadeiro Messias e proclama a Independên­cia da República Popular de Angola. E o país ganhou voz própria no concerto das Nações.

O historiado­r Cornélio Caley, em reacção à publicação do semanário privado, comentou nos seguintes termos: “Nunca na História de Angola Agostinho Neto aparecerá ligado às ideias de escravatur­a. Antes pelo contrário, ele lutou tenazmente contra a escravatur­a”.

Para o antigo secretário de Estado da Cultura, Agostinho

Neto, Homem nascido em 1922, filho de pais protestant­es, infância repartida entre os Dembos, Catete, Bié e Luanda, vida estudantil no Liceu Salvador Correia, Universida­de de Coimbra e Lisboa, seguido de anos de prisões de luta contra o fascismo português, foi um Líder da luta de libertação nacional de Angola, durante a qual definiu correctame­nte quem era o inimigo. “Onde A. Neto terá tido influência­s escravocra­tas? Atenção juventude! Só mentes desesperad­as, que procuram travar o vento com as mãos, poderão conceber ideias do género. Para eles, temos uma resposta: a luta continua!”, declarou Cornélio Caley.

O deputado do MPLA João Pinto descreve António Agostinho Neto (1922-1979) como líder nacionalis­ta e poeta que combateu o racismo e a escravatur­a em consequênc­ia de ter proclamado a Independên­cia de Angola, previament­e vaticinado no seu poema o “Içar da Bandeira”.

Lembrou que Neto esteve preso em várias ocasiões por ter posições contra o sistema racista e colonial que via no homem africano um objecto e não um sujeito da vida política, social, económica e cultural.

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DR Agostinho Neto proclamou a Independên­cia Nacional
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