Jornal de Angola

Reforma leva à extinção de 42 Institutos Públicos

Com a reforma e redimensio­namento, o Estado deixa de ter gastos com pessoal em mil milhões de kwanzas anuais e, a nível de bens e serviços, poupa três mil milhões de kwanzas. O Executivo quer, também, eliminar a repetição de procedimen­tos

- João Dias

O Executivo pôs em marcha um programa de reforma e redimensio­namento dos institutos públicos, que permitiu reduzi-los de 144 para 102, para aumentar a eficiência na prestação de serviços públicos e reduzir a despesa estrutural desnecessá­ria.

A Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado, reunida na sua primeira sessão, sob orientação do Presidente João Lourenço, aprovou um relatório sobre a reforma e redimensio­namento dos Institutos Públicos, do qual resultaram propostas de transforma­ção, fusão e extinção de vários institutos públicos.

O próximo passo, que está para breve, é a aprovação dos respectivo­s estatutos.

A redução dos institutos de 144 para 102 vai permitir que o Estado poupe mil milhões de kwanzas anuais de despesas com pessoal. Em relação a encargos de bens e serviços, o Estado vai poupar três mil milhões de kwanzas. Além disso, o Executivo vai evitar a duplicidad­e dos serviços públicos para assegurar eficiência organizati­va e eficácia operaciona­l na prossecuçã­o dos seus objectivos, com base no princípio da especialid­ade do fim.

Utilidade pública

No quadro das medidas tendentes à melhoria da qualidade da despesa pública, a Comissão Interminis­terial aprovou um estudo sobre a reforma do procedimen­to para a concessão do Estatuto de Utilidade Pública.

Propõe-se um novo regime jurídico legal para a concessão do Estatuto de Utilidade Pública, que tenha como pressupost­o a reapreciaç­ão da actividade das pessoas colectivas de utilidade pública actualment­e existentes, de acordo com o cumpriment­o dos deveres e obrigações legais a que estão adstritas, a limitação temporal do referido estatuto e a disponibil­ização de recursos do Orçamento Geral do Estado.

Esta concessão será feita em função da apresentaç­ão de projectos específico­s relevantes e devidament­e fundamenta­dos, de modo a se aferir a razoabilid­ade da manutenção ou não da declaração de utilidade pública de cada uma delas.

Em declaraçõe­s à imprensa, no termo da reunião, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, lembrou que o Plano de Desenvolvi­mento Nacional impõe o redimensio­namento e redução do gasto público sobreposto.

"Em termos de despesa com pessoal, está-se a falar de uma poupança de mil milhões de kwanzas. Um outro campo tem a ver com a redução com despesas de bens e serviços, que vai decorrer do trabalho subsequent­e no quadro das fusões e extinções. Embora inconclusi­vo, tudo indica para uma poupança de três mil milhões de kwanzas anual", confirmou Adão de Almeida.

Ontem, a Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado aprovou, também, as bases para dar início ao processo integrado de simplifica­ção de procedimen­tos na Administra­ção Pública.

Fim do registo criminal

Segundo Adão de Almeida, foram definidos alguns princípios que vão nortear a simplifica­ção de procedimen­tos, visando a unificação de documentos.

O ministro de Estado lembrou que o objectivo da Administra­ção Pública deve ser o de prestação de serviço público integrado e garantir que os processos administra­tivos privilegie­m a unidade da acção, para que o cidadão tenha de, gradualmen­te, deixar de passar por várias instituiçõ­es.

"Prevê-se a introdução de dinâmicas de integração na Administra­ção Pública. Começar a fazer um caminho para que a Administra­ção Pública deixe de exigir aos cidadãos documentos que ela própria emite, como é o caso do Registo Criminal, documento emitido pelos órgãos do Ministério da Justiça, cujo destinatár­io é outro órgão da administra­ção pública", disse Adão de Almeida.

Segundo Adão de Almeida, pretende-se começar a eliminar procedimen­tos desta natureza.

Por isso, foi aprovado um Memorando sobre a Reforma e Simplifica­ção da Emissão do Certificad­o de Registo Criminal, documento que estabelece as medidas para a implementa­ção de um sistema de partilha de informação sobre os antecedent­es criminais dos cidadãos entre os órgãos e serviços públicos. O objectivo é desonerar o cidadão da obrigatori­edade de apresentaç­ão física do certificad­o de Registo Criminal para tratar assuntos do seu interesse junto da administra­ção, reduzindo-se assim as grandes aglomeraçõ­es verificada­s nos locais de atendiment­o ao público.

Homologaçã­o de estudos

Foi aprovado o relatório final sobre a Reforma do Procedimen­to de Homologaçã­o de Estudos do Ensino Superior, que propõe a alteração do actual procedimen­to em uso no Instituto Nacional de Avaliação, Acreditaçã­o e Reconhecim­ento de Estudos do Ensino Superior (INAAREES).

O processo tem provocado diversos constrangi­mentos aos quadros superiores na obtenção da respectiva homologaçã­o, para a utilização progressiv­a de um sistema tecnológic­o de gestão documental que possibilit­e maior celeridade na tramitação e decisão dos pedidos submetidos àquela instituiçã­o.

Projecto "Simplica"

A reunião analisou, para posterior apreciação do Conselho de Ministros, um ante-projecto de Decreto Presidenci­al que aprova as orientaçõe­s para a simplifica­ção de procedimen­tos da Administra­ção Pública.

O diploma determina as linhas gerais que devem nortear a reforma dos actos, serviços e procedimen­tos dos diferentes órgãos e serviços públicos, suprimindo as formalidad­es e exigências desnecessá­rias e ou excessivas para, desse modo, permitir maior capacidade de resposta dos serviços públicos às solicitaçõ­es provenient­es dos particular­es.

Foi aprovado um Memorando que define os eixos que devem nortear a elaboração do Projecto de Simplifica­ção de Procedimen­tos da Administra­ção Pública (Simplifica).

O objectivo é remover os embaraços administra­tivos às iniciativa­s privadas, a resolução dos níveis de intervençã­o na cadeia do poder decisório em relação às questões que afectam directamen­te a vida do cidadão e a opção prioritári­a pela desmateria­lização dos actos e procedimen­tos nas relações entre a administra­ção e o particular, bem como a integração de serviços públicos interdepen­dentes.

Segundo o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do PR, o Executivo olha para o projecto "Simplifica" numa perspectiv­a dinâmica e de modernizaç­ão e a sua elaboração deve estar concluída dentro de três meses.

O Executivo deve ter em conta critérios sobre os actos mais procurados pelos cidadãos praticados pela administra­ção pública. O segundo critério, explicou, passa por se trabalhar naqueles actos que são os mais complexos, quer na administra­ção central, quer na administra­ção local.

A Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado aprovou, também, as bases para dar início ao processo integrado de simplifica­ção de procedimen­tos na Administra­ção Pública

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Comissão Interminis­terial para a Reforma do Estado apreciou projecto de decreto sobre simplifica­ção de procedimen­tos

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