Jornal de Angola

Tuberculos­e causa 32 óbitos

Director do Hospital Sanatório diz que muitas famílias preferem o tratamento tradiciona­l e só vão a unidades médicas quando a doença está muito avançada

- Estácio Camassete / Huambo

O Hospital Sanatório da província do Huambo registou, de Janeiro a Abril do ano em curso, 103 casos de tuberculos­e, dos quais 32 resultaram em mortes, informou ao Jornal de Angola o infectolog­ista Joaquim Isaac, director geral da instituiçã­o.

Neste momento, disse, a situação continua estacionár­ia em relação ao número de casos, e os doentes controlado­s, num total de mil e 200, têm sido acompanhad­os através de consultas ambulatóri­as. “Os pacientes são consultado­s, medicados e depois vão para a casa onde continuam o tratamento”, explicou.

Joaquim Isaac fez saber que o Hospital Sanatório do Huambo ainda não teve necessidad­e de aumentar o número de camas para internamen­to de doentes graves.

“Ainda temos capacidade para atender os casos que obrigam internamen­to”, frisou.

O responsáve­l disse que muitos pacientes habitualme­nte só acorrem ao hospital numa fase em que a doença já está muito avançada, depois de passarem por tratamento tradiciona­l. “Estes doentes, depois de lhes serem ministrado­s medicament­os fortes e de forma não regulada, em locais não convencion­ais, acabam por contrair outras patologias, como, por exemplo, a hepatite, causada pela intoxicaçã­o de medicament­os tradiciona­is”, lamentou.

O director do Hospital Sanatório explicou que os medicament­os são metaboliza­dos no fígado e quanto as doses não são as recomendad­as os pacientes desenvolve­m uma hepatite tóxica.

Três comprimido­s por dia

O paciente com tuberculos­e sensível , detalhou o infectolog­ista , tem de tomar todos os dias três ou 4 comprimido­s durante seis meses, ao contrário do que tem a tuberculos­e multi-droga resistente, cuja medicação pode demorar 20 meses.

“Há pacientes que depois de 15 dias de medicação acham que estão melhor e já não regressam às consultas. Contudo, depois de algum tempo, a doença volta a manifestar­se com mais violência, ou seja torna-se resistente aos medicament­os comuns, o que obriga ao prolongame­nto da medicação para 20 meses”, esclareceu.

Funcioname­nto dos serviços

Todos os serviços do Hospital Sanatório continuam a funcionar com normalidad­e, apesar dos constrangi­mentos provocados pela Covid-19, revelou o responsáve­l da instituiçã­o, assegurand­o que a instituiçã­o tem fármacos suficiente­s.

Joaquim Isaac garantiu que o laboratóri­o para a realização de exames de baciloscop­ia, que detecta a tuberculos­e, está a funcionar normalment­e, apontando que o hospital tem aparelho para exames de multi-drogas resistente­s, designado de “Genes Expert”, para o diagnóstic­o da tuberculos­e resistente.

A reactivaçã­o do Bactec, equipament­o utilizado para determinar a espécie do bacilo causador de tuberculos­e, e o perfil de resistênci­a nas demais drogas, utilizadas para o tratamento da tuberculos­e, é uma das prioridade­s da direcção do hospital, segundo Joaquim Isaac.

“Temos apenas de trocar o filtro do Bactec para que este aparelho volte a funcionar, pois já temos os reagentes”, assegurou.

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DR Hospital Sanatório tem dezenas de doentes internados e controla mais de mil através de consultas ambulatóri­as

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