Aprocima quer apostar em novelas nacionais
O presidente da direcção da Aprocima advoga a abertura na Televisão Pública de Angola (TPA) para realizadores nacionais divulgarem ficção e documentários que exaltam a cultura nacional
O presidente da Associação Angolana de Profissionais de Cinema e Audiovisual (Aprocima), Óscar Gil, critica a falta de abertura na Televisão Pública de Angola (TPA) aos realizadores nacionais que pretendem divulgar ficção e documentário cujos conteúdos realçam a cultura angolana.
As declarações do realizador Óscar Gil surgem na sequência de a Tv Zimbo emitir semanalmente filmes angolanos na rubrica “Cine Nosso”, o que não se verifica na TPA, que emite telenovelas estrangeiras com regularidade.
“Entristece-nos ver a nossa televisão de bandeira, a TPA, a emitir conteúdos antigos de mais de 20 anos, alegando não haver produção nacional. Também nos entristece ver telenovelas de produção chinesa no Canal 2 da TPA”, desabafou Óscar Gil, alegando o impacto e a força que as telenovelas têm por veicularem mensagens fáceis de influenciar a opinião dos telespectadores, o que na sua opinião se traduz em condições criadas “para continuarmos a ser colonizados culturalmente”.
O presidente do conselho directivo da Aprocima lembrou ainda que a TPA emite, também, telenovelas mexicanas, brasileiras e portuguesas, “e aonde é que andam as nossas produções, a nossa realidade”, interrogou. Advogou que os realizadores angolanos, ao produzirem mini-séries, telenovelas, ficção, ou documentários, estão a fomentar a criação de postos de trabalho para os seus concidadãos, ajudando um vasto leque de jovens desempregados. “Temos alguns técnicos que se seguem à minha geração a trabalhar nas cadeias de televisão, mas a maioria está desempregada”.
De acordo com Óscar Gil, a sétima arte é a arte que mais promove emprego, desde pessoal qualificado e não qualificado, e que a produção de filmes implica a absorção de uma série de valências, entre escritores, músicos, actores, carpinteiros, alfaiates, costureiras, cabeleireiras, guionistas, sonoplastas ou operadores de som, iluminotécnicos, operadores de câmara, “enfim, é um mundo de gente que participa na produção de uma obra cinematográfica”.
Acrescentou que é desanimador continuar a ver telenovelas estrangeiras na televisão pública quando a intenção prende-se com a cultura angolana, num bom ambiente sadio, para atrair cada vez mais turistas.
Embora tenha criticado a emissão de telenovelas estrangeiras, Óscar Gil disse não ser contra e que a sua posição não seja vista como um acto de xenofobia. “Não sou contra a emissão de conteúdos importados (estrangeiros), mas devemos dar prioridade à produção nacional, devemos ter orgulho daquilo que é angolano. É evidente que vamos notar eventuais falhas técnicas, mas é fazer que se aprende, só assim vamos conseguir ultrapassar as debilidades, vamos aprimorando”.
Ao comentar a fusão dos três ministérios: Cultura, Turismo e Ambiente, considerou um perfeito casamento, em que a Cultura tem laços com o Turismo, tendo como base o Ambiente.
Admitiu que num país com 45 anos de independência nacional, a difusão de mensagens ganha um campo fértil, tendo em atenção os audiovisuais, em particular o cinema, um meio para a formação de opinião de maneira artística.
O realizador e produtor deixou um apelo para que, “por amor à cultura angolana e respeito à nossa identidade nacional”, os empresários nacionais, bem como o Executivo, apoiem a produção de novelas, ficção e documentário nacionais.
Apelou ao Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente que se debruce sobre cinema angolano, reunindo com os profissionais da sétima arte, para se inteirar dos problemas que os mesmos enfrentam, enquanto criadores, no sentido de serem criadas dinâmicas para se ultrapassar os diferentes obstáculos.