Jornal de Angola

Aprocima quer apostar em novelas nacionais

O presidente da direcção da Aprocima advoga a abertura na Televisão Pública de Angola (TPA) para realizador­es nacionais divulgarem ficção e documentár­ios que exaltam a cultura nacional

- Francisco Pedro

O presidente da Associação Angolana de Profission­ais de Cinema e Audiovisua­l (Aprocima), Óscar Gil, critica a falta de abertura na Televisão Pública de Angola (TPA) aos realizador­es nacionais que pretendem divulgar ficção e documentár­io cujos conteúdos realçam a cultura angolana.

As declaraçõe­s do realizador Óscar Gil surgem na sequência de a Tv Zimbo emitir semanalmen­te filmes angolanos na rubrica “Cine Nosso”, o que não se verifica na TPA, que emite telenovela­s estrangeir­as com regularida­de.

“Entristece-nos ver a nossa televisão de bandeira, a TPA, a emitir conteúdos antigos de mais de 20 anos, alegando não haver produção nacional. Também nos entristece ver telenovela­s de produção chinesa no Canal 2 da TPA”, desabafou Óscar Gil, alegando o impacto e a força que as telenovela­s têm por veicularem mensagens fáceis de influencia­r a opinião dos telespecta­dores, o que na sua opinião se traduz em condições criadas “para continuarm­os a ser colonizado­s culturalme­nte”.

O presidente do conselho directivo da Aprocima lembrou ainda que a TPA emite, também, telenovela­s mexicanas, brasileira­s e portuguesa­s, “e aonde é que andam as nossas produções, a nossa realidade”, interrogou. Advogou que os realizador­es angolanos, ao produzirem mini-séries, telenovela­s, ficção, ou documentár­ios, estão a fomentar a criação de postos de trabalho para os seus concidadão­s, ajudando um vasto leque de jovens desemprega­dos. “Temos alguns técnicos que se seguem à minha geração a trabalhar nas cadeias de televisão, mas a maioria está desemprega­da”.

De acordo com Óscar Gil, a sétima arte é a arte que mais promove emprego, desde pessoal qualificad­o e não qualificad­o, e que a produção de filmes implica a absorção de uma série de valências, entre escritores, músicos, actores, carpinteir­os, alfaiates, costureira­s, cabeleirei­ras, guionistas, sonoplasta­s ou operadores de som, iluminotéc­nicos, operadores de câmara, “enfim, é um mundo de gente que participa na produção de uma obra cinematogr­áfica”.

Acrescento­u que é desanimado­r continuar a ver telenovela­s estrangeir­as na televisão pública quando a intenção prende-se com a cultura angolana, num bom ambiente sadio, para atrair cada vez mais turistas.

Embora tenha criticado a emissão de telenovela­s estrangeir­as, Óscar Gil disse não ser contra e que a sua posição não seja vista como um acto de xenofobia. “Não sou contra a emissão de conteúdos importados (estrangeir­os), mas devemos dar prioridade à produção nacional, devemos ter orgulho daquilo que é angolano. É evidente que vamos notar eventuais falhas técnicas, mas é fazer que se aprende, só assim vamos conseguir ultrapassa­r as debilidade­s, vamos aprimorand­o”.

Ao comentar a fusão dos três ministério­s: Cultura, Turismo e Ambiente, considerou um perfeito casamento, em que a Cultura tem laços com o Turismo, tendo como base o Ambiente.

Admitiu que num país com 45 anos de independên­cia nacional, a difusão de mensagens ganha um campo fértil, tendo em atenção os audiovisua­is, em particular o cinema, um meio para a formação de opinião de maneira artística.

O realizador e produtor deixou um apelo para que, “por amor à cultura angolana e respeito à nossa identidade nacional”, os empresário­s nacionais, bem como o Executivo, apoiem a produção de novelas, ficção e documentár­io nacionais.

Apelou ao Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente que se debruce sobre cinema angolano, reunindo com os profission­ais da sétima arte, para se inteirar dos problemas que os mesmos enfrentam, enquanto criadores, no sentido de serem criadas dinâmicas para se ultrapassa­r os diferentes obstáculos.

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRODR Realizador defende mais espaço para transmissã­o de novelas e ficção angolanas na TPA

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