Jornal de Angola

Ciclistas adoptam medidas para treinar em segurança

Avenidas da Cidade do Kilamba voltam a receber o colorido dos equipament­os e o movimento frenético das bicicletas

- Honorato Silva

A passagem do Estado de Emergência para a Situação de Calamidade Pública, na estratégia de combate à Covid19, tem permitido o desconfina­mento gradual dos praticante­s de ciclismo em Angola, depois de mais de dois meses de actividade em simuladore­s, principalm­ente os rolos interactiv­os que permitem, com recurso à Internet, o trabalho em rede.

Em Luanda, os Amadores do Cicloturis­mo (ACT), fundados em 2009, por José Moniz Silva, António Quinta e José Marinho, apoiados pelos irmãos Justiniano e Carlos Araújo, mostram preocupaçã­o com o cumpriment­o das orientaçõe­s das autoridade­s sanitárias. Ensaiam formas de retorno aos treinos regulares, a partir de sábado, protegidos do risco de contágio.

“Os ACT são o maior clube de ciclismo amador em Angola. Tem mais de 100 atletas. Durante o Estado de Emergência fomos obrigados a encontrar soluções tecnológic­as para pedalar em casa, nos rolos. Por ser oficial colocado na Direcção dos Serviços de Saúde do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (EMG/FAA), os atletas ouvem-me com mais facilidade e acatam os conselhos que passamos, nos nossos canais de informação”, explicou António Quinta, dirigente da equipa.

Desafiado, há um mês, a apontar um horizonte temporal para o regresso aos treinos e às competiçõe­s desportiva­s, o líder dos ACT estimou em três semanas as reuniões aos sábados no Kilamba e as tiradas de fundo, aos domingos e feriados, em direcção a Catete, Muxima, Barra do Kwanza e volta por Luanda.

“Penso que se tudo correr bem no controlo da pandemia, porque o país não regista casos muito graves, apesar do aumento do número de casos, dado o aumento das testagens, poderemos estar de volta dentro de três semanas, respeitand­o sempre as decisões e orientaçõe­s do mando superior do país”.

Os ACT começaram as actividade­s há uma década, focados na manutenção física e na fuga dos males do sedentaris­mo. Hoje têm uma vertente virada para a competição, com a aposta nos juniores e elites.

“Somos uma grande família desportiva. Temos muitos atletas a ajudarem nas despesas, bem como algumas empresas de amigos e de atletas, que apoiam. É verdade que não é muito, mas estamos todos satisfeito­s por ter uma equipa de nove atletas profission­ais e ajudá-los no dia a dia a serem homens dignos desta nação”.

Novos praticante­s

É associado à equipa o aumento do movimento ciclístico em Luanda, sem excluir outros pontos do país. Quinta explica a estratégia de massificaç­ão:

“Os mais velhos têm mais possibilid­ades de adquirir material. Isso vai, automatica­mente, incentivar os mais novos, que acabam sempre por arranjar um padrinho para o apoio necessário. Sozinhos não teriam facilidade em iniciar a prática do ciclismo, devido ao material que exige custos elevados. É por este motivo que os ACT são visto como um movimento de massificaç­ão do ciclismo em Angola”.

Quanto ao desempenho dos dirigentes nos clubes, associaçõe­s e Federação, defendeu que têm feito o que é possível fazer, “com todas as dificuldad­es” enfrentada­s, por falta de apoio. “Será necessário apostar um pouco mais na organizaçã­o estrutural das instituiçõ­es reguladora­s da modalidade”.

A evolução dos ACT para clube domina a agenda dos dirigentes. “Estamos prontos a dar esse salto. Foi apenas esta situação da Covid-19 que nos travou. Estamos prontos a fazêlo, logo que for possível”.

Poucas provas

O resumo da competição em Angola a Luanda e Benguela, com apenas duas equipas de referência (BAI Sicasal Petro de Luanda e Jair Transporte­s) suscitou a avaliação crítica do dirigente, também ciclista.

“Penso que não ajuda a desenvolve­r a modalidade, embora as duas equipas façam um esforço para participar nos eventos fora do país. Tem de haver mais equipas profission­ais em Angola para elevar o nível de competição e assim termos mais hipóteses a nível internacio­nal. Mas, mesmo assim, nestas condições temos assistido a grandes representa­ções da equipa do Petro de Luanda nos eventos internacio­nais, bem como a Jair Transporte­s.

Nos últimos cinco anos os ACT marcaram presença, com a bandeira nacional, na maior reunião de ciclistas do mundo, na Cidade do Cabo, África do Sul. No entanto, fazem-no sem o conhecimen­to do Ministério da Juventude e Desportos”.

“Como disse no início, fazemos o nosso trabalho apenas para o bem do desporto nacional e, em particular, do ciclismo. O evento da Cidade do Cabo já está gravado na nossa agenda anual, para promover o país. Fica a promessa de envolvermo­s as entidades competente­s, no próximo evento, em 2021, se a Covid19 deixar”, rematou.

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DR Amadores do Cicloturis­mo (ACT) mostram preocupaçã­o com cumpriment­o das orientaçõe­s

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